Embora algumas universidades apresentem listas específicas de livros, outras obras da literatura brasileira podem ajudá-lo no vestibular.
Letícia Taets | 27 de Agosto de 2021 às 15:00
Um dos momentos mais temidos pelos estudantes brasileiros, o vestibular, não precisa ser necessariamente um bicho de sete cabeças. Para além de uma boa preparação com simulados, exercícios e estudos dirigidos, fazer boas leituras de autores brasileiros também pode ser excelente ajuda para se preparar para esse momento desafiador. Iremos trazer uma lista especial que vai ajudá-lo a mandar bem no vestibular!
Embora diferentes vestibulares apresentem listas específicas de livros, como os da Uerj, da Fuvest e da Unicamp, existem algumas obras que podem te ajudar a formar uma boa bagagem não apenas para as provas do vestibular, mas também para a vida. Veja algumas obras da literatura brasileira que podem ajudá-lo.
Darcy Ribeiro é considerado um dos principais sociólogos do Brasil, com uma vasta obra muito importante para o entendimento da nação brasileira. Em “O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil, um de seus principais livros, o autor analisa as diferentes matrizes culturais e étnicas do nosso povo tão diverso. É uma leitura que pode auxiliá-lo bastante nas questões da área de humanas e na escrita da redação.
Uma das principais obras do momento considerado como o pré-modernismo na literatura brasileira, o clássico “O triste fim de Policarpo Quaresma” narra a história do protagonista, um verdadeiro patriota, apaixonado pelo Brasil, e as consequências desse ufanismo para a sua vida. Considerada a obra-prima de Lima Barreto, a crítica inteligente do autor à sociedade brasileira da época projeta este livro ao patamar de leitura imperdível.
Neste livro, Schwarcz e Starling propõem, a partir de vasta documentação original e rica iconografia, uma nova história do Brasil. Nessa travessia de mais de 500 anos, debruçam-se não somente sobre a “grande história” do Brasil, mas também sobre o cotidiano, a expressão artística e a cultura: a “pequena história” do Brasil.
Escrito por Machado de Assis, um dos maiores autores do Brasil, “Quincas Borba” é um clássico da literatura brasileira e narra a história de Rubião, um professor de Barbacena que herda os bens de seu amigo Quincas Borba, com a condição de cuidar do cão do falecido, que possui o mesmo nome do dono, ou seja, Quincas Borba. O novo rico, então, muda-se para o Rio de Janeiro e passa a ser explorado por “amigos”, como o casal Sofia e Cristiano Palha. Assim, em meio a ironias, o narrador relata o gradual processo de enlouquecimento de Rubião, criticando as hipocrisias da sociedade brasileira à época.
O livro “Raízes do Brasil” foi lançado em 1936. Como o próprio título diz, o livro investiga as origens da formação do povo brasileiro. Para tanto, Sérgio Buarque utiliza as teorias sociológicas do alemão Max Weber para compor seu estudo. É deste livro que surge a teoria do brasileiro como o “homem cordial”, cujas ações partiriam do coração, privilegiando sempre a família e os amigos, em detrimento do bem-estar público.
Considerada por muitos a obra-prima da poeta carioca Cecília Meireles, “Romanceiro da Inconfidência” é uma coletânea de poemas da escritora brasileira, publicados em 1953, que narram a história de Minas Gerais do início da colonização, no século XVII, até a Inconfidência Mineira, revolta ocorrida em fins do século XVIII, na então Capitania de Minas Gerais.
Apesar de ser mais conhecido pelo clássico da literatura brasileira, “Vidas secas” (1938), o escritor alagoano Graciliano Ramos também tem em seu currículo outras obras fantásticas. Uma dela é “Angústia”, lançada em 1936. À época, o autor havia sido preso pela polícia política de Getúlio Vargas, mesmo sem uma acusação formal, e contou com a ajuda de amigos para o lançamento. O livro narra a história do protagonista Luís da Silva, trabalhador brasileiro que se vê paralisado diante de um Brasil em um constante ritmo de modernização e ainda tão pobre em muitos aspectos.
Um dos maiores geógrafos do Brasil e celebrado mundialmente, Milton Santos foca, neste livro,na periferia mundial, a ideia de que é preciso uma nova interpretação do mundo contemporâneo. Milton propõe uma análise multidisciplinar, que tenha condições de destacar a ideologia na produção da história, além de mostrar os limites do seu discurso frente à realidade vivida pela maioria dos países do mundo. A informação e o dinheiro acabaram por se tornar vilões, à medida que a maior parte da população não tem acesso a nenhum dos dois.
Considerado o único romance impressionista de um autor brasileiro, “O ateneu” narra a história de Sérgio, estudante matriculado em um colégio interno chamado Ateneu, aos 11 anos. A construção da narrativa e as relações afetivas entre os alunos e professores foi considerada revolucionária para os padrões da época, alçando Raul Pompeia ao posto de um dos principais autores pré-modernistas do Brasil.
Uma das principais e mais brilhantes escritoras do Brasil, Lygia Fagundes Telles escreveu romances, peças, poemas e contos. No livro, uma coletânea de contos da autora, lançado originalmente em 1977, a autora passeia com maestria pela realidade e pela fantasia. No conto que nomeia o livro, ratos tomam conta de um seminário e passam a governar o país em que vivem. Há a presença da simbologia própria do realismo fantástico.
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte.” A frase, retirada da obra “Os sertões”, é um clássico da literatura brasileira, bem como o livro de onde foi retirada. Escrito por Euclides da Cunha, a partir de sua viagem como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo para Canudos, na Bahia, para a cobertura da Guerra de Canudos, é considerado o primeiro livro-reportagem do Brasil. Lançado originalmente em 1902, este livro é obra fundamental para entender as desigualdades do nosso país, marcado desde a colonização por profundos desníveis estruturais.
Mais conhecido por sua bela e extensa obra poética, o modernista Manuel Bandeira também escreveu ensaios. Em “Crônicas da província do Brasil”, originalmente lançado em 1937, estão reunidos 47 textos do autor, publicados em diversos jornais, que retratam o Brasil da época no cotidiano: a arquitetura das cidades, a boemia e a vida acontecendo. Fundamental para compreender melhor o Brasil no período varguista.
Considerado um dos maiores economistas do Brasil, Celso Furtado lançou dezenas de livros ao longo de sua vida. Em “O capitalismo global”, o autor analisa, em ensaios, os desdobramentos do sistema capitalista na contemporaneidade, centrado no papel dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento para a manutenção da ordem mundial. Sempre com um olhar crítico e aguçado.
Lançado em 2002, “Nove noites”é um romance contemporâneo de Bernardo Carvalho. Nele, um homem tenta descobrir o motivo do suicídio do antropólogo norte-americano Buell Quain – fato ocorrido em 1939 – , no Brasil, durante o Estado Novo. Ao longo do romance, é possível identificar diversos elementos da repressão da ditadura varguista e do clima fascista presente no Brasil à época.
Considerado o primeiro grande poeta da literatura brasileira, Gregório de Matos foi um dos maiores precursores do movimento barroco no nosso país. Com uma obra repleta de contradições e excessos, o autor escrevia tanto poemas satíricos, rindo da sociedade baiana e da brasileira em geral à época, quanto poemas líricos cheios de beleza e encanto.