O neurologista russo A. R. Kuria pediu um dia a Solomon Venuaminoff – um jornalista que o consultara como doente pela primeira vez na década de 1920 – que
Julia Monsores | 30 de Novembro de 2019 às 19:00
O neurologista russo A. R. Kuria pediu um dia a Solomon Venuaminoff – um jornalista que o consultara como doente pela primeira vez na década de 1920 – que repetisse uma longa série de palavras que lhe lera anteriormente. As palavras não faziam sentido, não formavam uma frase, estavam ordenadas ao acaso e os significados nada tinham em comum. Não havia motivo lógico para alguém se lembrar delas.
O jornalista respondeu: “Sim, sim.. foi uma série que o senhor me apresentou… quando estivemos em sua casa.. O senhor estava sentado à mesa e eu na cadeira de balanço… Seu terno era cinza.”
E Veniaminoff repetiu a longa lista de palavras desordenadas e disparatadas precisamente na mesma ordem em que as ouvira na ocasião anterior. Foi um espantoso feito de memória – especialmente porque a “ocasião anterior” ocorrera 16 anos antes.
Uma memória fotográfica como essa chama-se idítica (da palavra grega que significa “o mesmo”). Apenas raras pessoas nascem com memória idítica e ninguém pode ser treinado para tê-la. Há, todavia, sistemas para melhorar a capacidade de recordar que são um tanto eficazes. Mas todas baseiam-se em artifícios (recursos mnemónicos), tais como rimas ou frases simples, para registrar na mente fatos e informações aborrecidos.
No século passado, uma gramática pretendia facilitar assim a aprendizagem dos advérbios de tempo: “Sempre, nunca, já, agora. Quando, logo, tarde, cedo. Amanhã, jamais, outrora.” Recitar o epitáfio
Que repouse sempre plácido
Ele juntou água ao ácido
O outro, ácido à água
Não sofreu dano nem mágoa
ajudou muitos estudantes de química norte-americanos a recordarem como não provocar uma séria explosão ao diluir ácidos,
Também recordamos coisas que revolvemos na mente antes de adormecermos, mas talvez o fato mais decepcionante a respeito de aprender seja, contrariando a crença popular, não absorvermos informação enquanto dormimos. Se assim fosse, os que adormecem nas aulas teriam as notas mais altas.