Hoje, os turistas que visitam o palácio real de Jaipur, capital do estado indiano de Rajasthan, vagueiam pelo que parece ser o cenário abandonado de um
Redação | 14 de Junho de 2019 às 21:00
Hoje, os turistas que visitam o palácio real de Jaipur, capital do estado indiano de Rajasthan, vagueiam pelo que parece ser o cenário abandonado de um filme – um conjunto de impressionantes estruturas de pedra com estranhas formas geométricas. O visitante desinformado não imagina que tais monumentos são instrumentos astronômicos de precisão para o estudo dos astros.
Assim como em outras religiões, no hinduísmo o calendário das cerimônias religiosas e festividades se baseia no conhecimento da astronomia. Muitos devotos, por exemplo, visitam os locais sagrados do Ganges sempre que há um eclipse do Sol, e querem, portanto, saber quando o fenômeno está para ocorrer. No início do século XVIII, o marajá Sawai Jai Singh preocupava-se com o fato de há muitos séculos não serem feitas observações astronômicas por hindus.
Jai Singh dispôs-se a ressucitar a astronomia hindu e a aperfeiçoar o calendário e tabelas oficiais dos movimentos dos astros. Era um homem competente – o segundo título Sawai significa “um e mais um quarto”, porque ele tinha algo “a mais”, em todos os aspectos, do que os seus contemporâneos. Mas tinha as suas excentricidades – em especial, desconfiava dos pequenos instrumentos de latão usados pelos astrônomos da época. Acreditava que as medições mais rigorosas seriam obtidas numa escala maior, e mandou construir enormes instrumentos astronômicos de pedra.
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Foram edificados cinco observatórios segundo as instruções de Jai Singh, os mais importantes em Delhi, Jaipu e Ujjain. As estruturas monumentais de Jaipur incluíam o maior relógio de sol do mundo, com um gnômon de 27m. Este indica a hora local com uma variação de poucos minutos – não pode ser mais preciso porque os contornos da enorme sombra são pouco nítidos. O observatório meteorológico de Jai Singh ainda hoje é usado, fornecendo previsões do tempo a longo prazo, que são incluídas em calendários e almanaques hindus.
Embora não rigorosos pelos padrões modernos, os observatórios de Jai Singh tinham uma precisão excelente para a época. Os resultados apareceram na sua carta astronômica, a Zij Muhammad Shahi, compilada em persa e sânscrito.
Pelo menos numa ocasião, Jai Singh pôde obter melhores resultados na observação da Lua e de planetas do que seus contemporâneos da Europa Ocidental. Ujjain ainda é referida pelos hindus ortodoxos como a “Greenwich da Índia”, e Jai Singh é lembrado como o “Newton do Oriente”.
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