Numa exposição de répteis, um espectador entra em cena quando o aligátor ataca sua treinadora. Confira essa história surpreendente!
Donnie Wiseman quase não foi à festa de aniversário de 5 anos da sobrinha em agosto passado. Estava cansado, pois trabalhara longas horas numa obra. Mas a festa seria na Scales and Tails Utah, um centro de aves e répteis num subúrbio de Salt Lake City. Desde menino, Donnie era apaixonado por répteis. “Hoje, eles são a coisa mais próxima que temos dos dinossauros”, diz ele. Assim, Donnie deixou de lado o cochilo e foi com a mulher e o enteado de 6 anos.
Darthgator, o aligátor, ataca
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Ao chegar ao Scales and Tails, eles foram levados a uma pequena área interna, com uma piscina cercada por vidraças de 3 metros de altura. Lá dentro estava a atração principal do centro, um aligátor de 2,5 metros e 55 quilos chamado Darthgator. Ele nadou pela piscina e descansou a cabeça numa plataforma de meio metro de largura. Era hora de comer, e o animal, com fome e expectativa, fitava a treinadora, Lindsay Bull, pela porta de vidro.
Por segurança, Lindsay, de 31 anos, queria Darth fora da plataforma antes de começar o espetáculo. Ela entrou no cercado, estendeu o braço e gritou: “Para trás!” De forma atípica, Darthgator reagiu, abrindo a boca e revelando todos os seus 80 dentes.
Fora do cercado, crianças espantadas apertaram o rosto nas vidraças. Donnie estava ali com elas, ansioso pelo início do espetáculo.
Para pôr Darthgator de volta na água, Lindsay colocou a mão esquerda sob sua mandíbula e tentou empurrá-lo, uma manobra rotineira. Mas, naquele dia, Darth rolou a cabeça para o lado e surpreendeu Lindsay. A mão dela escorregou da mandíbula, e Darth a mordeu.
Nas costas do aligátor
A mordida do aligátor exerce uma pressão de 210 kg/cm². Compare-se com a mordida de um leão, que tem 70 kg/cm². Assim, Darth teria pouca dificuldade para arrastar Lindsay para o tanque. Ela sabia que não conseguiria impedir que ele fizesse a rolagem da morte, manobra fatal em que os aligátores giram rapidamente para subjugar a presa, e se permitiu ser puxada para a piscina.
Fora do cercado, alguns acharam que aquilo fazia parte do espetáculo. Donnie, não. Ao sentir que havia algo errado, ele abriu a porta de vidro e entrou. “Pule nas costas dele!”, ofegou Lindsay. Donnie pulou da plataforma nas costas do aligátor e se deitou, pressionando o animal com todos os seus 80 quilos.
“Firme os punhos no alto do focinho dele!”, disse Lindsay. Donnie obedeceu.
Fim do pesadelo
Manter a boca de Darth fechada mudou a dinâmica de forças, e de repente o aligátor passou de predador a presa. “Com Donnie nas costas, eu sabia que Darth acabaria me largando”, diz Lindsay. Eles esperaram um ou dois minutos. Quando Darthgator finalmente afrouxou os maxilares, Lindsay puxou a mão rapidamente e foi ajudada a sair do cercado por um auxiliar.
Donnie ficou sozinho no tanque, em cima do aligátor. Com calma, Lindsay gritou instruções: “Passe a mão do focinho para o pescoço! Sente-se, levante-se das costas dele e vá para a plataforma!” Com cuidado, Donnie se sentou. Mas, ao aliviar parte da pressão nas costas de Darth, a dinâmica de forças mudou outra vez, e o aligátor começou a se debater. Donnie pulou de cima dele para a plataforma e conseguiu sair do cercado.
O herói por acaso
Lindsay recebeu 38 pontos na mão, e o tendão lesionado e o osso lascado do polegar foram tratados. Embora recuperada, ela não para de pensar em Donnie. “Ele reagiu a uma situação à qual não tinha de reagir”, diz ela.
Fora alguns arranhões, Donnie ficou mais abalado do que ferido. Ele admite que, no tempo que ficou montado no aligátor, um pensamento lhe surgiu: “Basta um erro e viro estatística.” Ainda assim, ele diz: “Fiquei contente por estar lá.”
por Rebecca Meiser
Confira o vídeo do ataque do aligátor abaixo:
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