Algumas boas ações simples têm o poder de mudar a vida de pessoas para sempre. Confira duas histórias reais que nos emocionaram.
Algumas boas ações simples têm o poder de mudar a vida de pessoas para sempre. Confira duas histórias reais que nos emocionaram.
Uma resposta à altura: Um antigo colecionador de cartões de beisebol aproveita a oportunidade de fazer o bem
Em setembro do ano passado, quando perdeu seu lar no condado de Fresno, num dos maiores incêndios florestais da história da Califórnia, Reese Osterberg, de 10 anos, ficou preocupadíssima: alguém salvara seus cartões de beisebol?
Ninguém. Com a casa cheia de crianças, cachorros e cavalos para evacuar, a família esqueceu da coleção. Naturalmente, a fã ardorosa dos San Francisco Giants e canhota da Little League (a liga de dentes de leite), com uma rebatida suavíssima, ficou aborrecida. Quando assistia aos Giants na TV, ela arrumava os cartões dos jogadores no chão, na posição correspondente à que ocupavam em campo. “Gosto dos cartões de beisebol porque são imagens de pessoas fazendo coisas felizes, fazendo o que amam e que eu amo”, diz Reese.
A perda de Reese tocou o coração do corpo de bombeiros de Fresno, que publicou a história em sua página do Facebook com um apelo para ajudar a menina a recuperar sua coleção de cartões. Isso, por sua vez, tocou o coração de Kevin Ashford.
Kevin sabia onde Reese encontraria novos cartões: em sua garagem. Sua coleção tinha mais de 25 mil cartões, com um valor estimado de 35 mil a 50 mil dólares. Kevin estava pensando em vendê-la quando viu a postagem do corpo de bombeiros. “Eu não ia mesmo fazer nada com os cartões”, diz ele. “Achei que conseguiria resolver o problema de uma vez.”
Os socorristas levaram os cartões da garagem de Ashford para a deles e surpreenderam Reese numa visita ao corpo de bombeiros. Na frente do carro de bombeiros havia torres de cartões de Kevin empilhados. Depois de agradecer a Kevin (principalmente pelo cartão de Buster Posey, seu jogador favorito dos Giants), Reese, com espírito esportivo, dividiu os milhares de cartões que recebeu de Ashford e de outros doadores do país com outras crianças afetadas pelo Creek Fire da Califórnia.
Ela recebeu tantos que criou a Cards from Reese, entidade que recolhe cartões e os doa a quem estiver passando necessidade. Reese ficou felicíssima de se livrar dos cartões dos Los Angeles Dodgers. Como explica: “Avante, Giants!”
Por Caroline Fanning
Bondade em domicílio
O pedido chegou por e-mail ao restaurante Ekiben, em Baltimore, no fim de uma tarde de quinta-feira de março: tempura de brócolis com ervas frescas, cebola picada e vinagre de pepino – com uma diferença. O homem que mandou o e-mail não queria a comida em si. Ele escrevia em nome da sogra, que adorava o prato. E explicou que ela estava nos últimos estágios do câncer de pulmão, em sua casa em Vermont, a mais de 800 quilômetros, e que ele queria a receita para prepará-lo para ela.
Steve Chu, um dos sócios do restaurante de culinária fusion asiática, leu o e-mail e respondeu com uma sugestão alternativa. “Obrigado por entrar em contato”, escreveu ele. “Gostaríamos de encontrá-lo em Vermont e lhe preparar o prato fresquinho.”
Brandon Jones, o genro, espantou-se. “Respondi ao e-mail perguntando: ‘Vocês sabem que aqui é Vermont, não é?’”, diz Brandon. “Mas Steve respondeu: ‘Sem problemas. Diga a data, a hora e o local, e estaremos aí’.”
Nos seis anos anteriores, toda vez que visitava Baltimore, a sogra de Brandon (que pediu para não ter seu nome publicado) ia ao Ekiben por causa desse prato. “Ela adora aquele tempura de brócolis, e eu queria muito que ela pudesse comer mais uma vez”, diz Brandon.
“Ela sempre nos dizia: ‘Quando eu estiver em meu leito de morte, quero comer aqueles brócolis’”, recorda Rina Jones, mulher de Brandon.
Naquela sexta-feira, um dia depois de receber o e-mail de Brandon, Steve carregou a picape após o trabalho com uma chapa elétrica e uma geladeira de isopor com os ingredientes e foi para Vermont com o sócio Ephrem Abebe e um funcionário. Eles passaram a noite num apartamento alugado pelo Airbnb e, no dia seguinte, seguiram para o condomínio onde morava a mãe de Rina.
Assim que chegaram ao estacionamento, Steve e sua equipe começaram a trabalhar. Abriram a porta da picape, ligaram a chapa à saída de energia do veículo e começaram a cozinhar. Além do tempura de brócolis, fizeram tofu com molho de amendoim e ervas frescas e arroz no vapor. Depois de embalar tudo direitinho, bateram à porta da cliente.
“Pode ir abrir”, disse Rina à mãe.
“Assim que abriu a porta, ela reconheceu o aroma”, relata Brandon. “O cheiro era incrível.”
Rina diz que sua mãe também reconheceu Steve e seus colegas. “Minha mãe não parava de dizer: ‘Não entendo. Vocês vieram até aqui cozinhar para mim?’ Ela ficou muito feliz e comovida por receber aquele prato de brócolis. Mal conseguia acreditar.”
Quanto a Steve, ele não pôde deixar de se lembrar da freguesa leal. “Ela sempre se destacava”, diz ele. “Adora a comida e sempre nos dizia isso. É uma senhora incrível e doce.”
A família convidou Steve e a equipe para jantar, mas eles precisavam voltar para Baltimore. Steve também não aceitou pagamento.
“Foi uma honra realizar o desejo da família”, diz ele. “A questão é ela, não nós. Recebemos muita energia boa e positiva fazendo isso.”
Rina ficou feliz porque a mãe pôde provar seus amados brócolis, dessa vez acompanhados por uma bondade extraordinária. “Mais tarde, minha mãe chorou com a generosidade deles, e eu também”, diz Rina. “Guardarei sempre essa lembrança positiva.”
Por Cathy Free de the Washington Post