Confira duas histórias de pessoas que, de alguma forma, ajudaram a salvar vidas. Esses relatos farão seu coração se encher de esperança.
Quem é que não adora história de super heróis? Já se foi o tempo em que essas narrativas eram reservadas para crianças. Mas saiba que você não precisa ler uma revista em quadrinhos para se deparar com essas pessoas incríveis. Os verdadeiros heróis são pessoas reais, cujos feitos nos enchem de esperança.
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Confira a seguir duas histórias de pessoas que, de alguma forma, ajudaram a salvar vidas. Esses relatos farão você recuperar a sua fé na humanidade.
Esperança móvel
Faltavam poucas semanas para o bebê de Hannah Leszyeski nascer e a única mobília de seu apartamento em Cleveland, no estado americano de Ohio, era um berço e um colchão de ar furado. “Eu tinha de me levantar no meio da noite para enchê-lo”, diz ela.
Um ano antes, ao fazer 18, ela não pôde mais morar nos lares provisórios onde passou a vida desde os 4 anos, quando a mãe não teve mais condições de cuidar dela sozinha. Agora, Hannah estava matriculada na faculdade, com esperança de se tornar detetive. Ela recebia uma bolsa do programa estadual que ajuda ex-crianças de lares provisórios a frequentar a faculdade. Ainda assim, confortos como mobília não cabiam em seu orçamento.
Chair-ity
Então ela ouviu falar da Chair-ity, entidade sem fins lucrativos criada por Maria Paparella, de 23 anos, que oferece móveis e utensílios domésticos a jovens adultos que deixaram o sistema de lares provisórios. Quando Hannah entrou em contato, Maria perguntou de que precisava. “De tudo”, respondeu. E deixou que Maria adivinhasse o que era “tudo”.
Hannah não estava em casa quando a mobília chegou; seu irmão abriu a porta para os carregadores. Mas, quando entrou em casa com o bebê de 2 dias, ficou boquiaberta. No apartamento antes vazio havia uma cozinha completa, uma cama, uma cômoda, duas mesinhas, uma escrivaninha e uma poltrona cor de vinho com descanso de pé para amamentar. “Eu disse: Uau, me deram tudo isso!”, recorda Hannah. “Estava muito estressada por ser mãe sozinha. Aquilo me aliviou muito.”
A história de Hannah não é rara. Há cerca de 424 mil crianças em lares provisórios nos Estados Unidos. Todo ano, uns 20 mil jovens (com 18 ou 21 anos, dependendo do estado) saem do sistema por idade, em geral sem o apoio de uma pessoa de confiança a quem pedir conselho nas horas de aperto – e sem móveis de segunda mão.
A ajuda de Maria
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Maria soube dos lares provisórios quando era pequena e os pais pensaram em adotar outra criança. O plano não deu certo, mas Maria vivia pensando naquela menina. “Sou muito apegada à família e não conseguia me imaginar sozinha aos 18 anos”, diz ela.
Com 16, Maria visitou a organização Summit County Children Services, com uma lista de perguntas, para entender como era sair do sistema por idade. Uma das perguntas foi: “O que não está sendo fornecido a esses jovens?” Perto do topo da lista estava “mobília”. “Eu me identifiquei”, conta Maria. A ideia de “morar num apartamento sem cama para dormir ou sofá para se sentar tocou meu coração”.
Maria entrou em contato com amigos dos pais e perguntou se tinham móveis encostados para doar. Uma loja de móveis local, a Chez-Del In- teriors, ofereceu espaço gratuito no depósito e o caminhão de entrega. Assistentes sociais deram indicações.
Ver o rosto dos destinatários quando recebiam uma cama, um sofá, o que quer que fosse, a transformou. Maria se lembra de entregar um abajur dourado a uma mulher e vê-la limpá-lo com amor, tirando as manchas e impressões digitais.
“Pensar que aquele objeto para o qual ninguém ligava havia anos trazia tanta alegria a alguém foi extraordinário”, diz Maria.
Distribuindo esperança
Hoje, a Chair-ity já doou móveis a quase 200 jovens adultos em seis condados do estado de Ohio. Enquanto a notícia se espalhava, Maria foi recebendo doações de quem comprava móveis novos e queria se livrar dos antigos, de quem se mudava, de quem sabia de seu trabalho pelas redes sociais. Ela está convencida de que essas contribuições dão esperança e confiança a quem as recebe.
Hannah concorda. Amamentar o bebê na poltrona ou trocar as fraldas sobre a cômoda lhe dá uma sensação de segurança. “Assim eu não me sinto diferente dos outros pais. Toda a minha vida, eu me senti anormal”, diz ela. “Agora, me sinto normal”.
por Rebecca Meiser
Prova de amizade
Em fevereiro passado, Torri’ell Norwood, de 17 anos, estava ao volante em St. Petersburg, na Flórida, quando os risos e a conversa das quatro adolescentes no carro viraram gritos. Ao se aproximarem de um cruzamento, outro carro bateu nelas e lançou o sedã preto no gramado de uma casa próxima, só parando ao bater numa árvore.
A fumaça subiu do outro carro, e alguém berrou: “Vai explodir! Saiam!” O impacto tinha amassado e emperrado a porta do lado de Torri’ell. Abalada, mas inteira, ela saiu pela janela. Com duas amigas que também conseguiram sair, ela correu para se salvar.
À beira da morte
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No meio da rua, percebeu que A’zarria Simmons, sua melhor amiga, não estava com elas. Torri’ell correu de volta e viu que A’zarria estava caída no banco de trás. “Ela não se mexia”, disse Torri’ell ao noticiário Inside Edition. Ela escancarou a porta de trás e puxou a amiga, evitando o mais possível os cacos de vidro. Arrastou A’zarria por alguns metros até um lugar seguro e a deixou no chão. “Conferi o pulso.” Nada. “Pus a cabeça sobre o peito dela.” Nenhum sinal de vida. “Foi aí que comecei a reanimação.”
Se o acidente tivesse acontecido algumas semanas antes, talvez ela não soubesse o que fazer. Mas Torri’ell, que quer ser profissional de saúde, concluíra na véspera o curso de reanimação cardiorrespiratória. Ajoelhada no gramado, olhando a amiga inerte, Torri’ell sabia que tinha pouquíssimo tempo para pôr em prática o que aprendera.
Ela passou a bombear o peito de A’zarria com os dedos cruzados e a soprar na boca da amiga, na esperança de encher seu pulmão com o beijo da vida. Nenhuma resposta. Então, depois da 30-a compressão, A’zarria começou a tossir e ofegar. A reanimação tinha dado certo!
Logo os paramédicos chegaram e levaram A’zarria às pressas para o hospital, onde ela se recuperou dos ferimentos. Depois, ela soube que a melhor amiga salvara sua vida. “Não fiquei surpresa”, disse A’zarria à CNN. “Ela sempre faz tudo para ajudar.”
por Andy Simmons
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