A escritora Suzy Zail passou meses entrevistando casais e descobriu que não há fórmula mágica para o amor. Leia aqui 4 exemplos inspiradores.
Rayane Santos | 20 de Outubro de 2021 às 14:00
Ah, o amor! O sentimento mais profundo que existe. Se você ainda não viveu um grande amor, há de viver um dia. Não há como escapar de suas garras. Além de cada pessoa possuir uma linguagem do amor própria, a história de cada casal é diferente.
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A escritora Suzy Zail passou meses entrevistando casais e descobriu que não há fórmula mágica. “O amor assume a forma do casal que o sente.” Leia a seguir quatro exemplos inspiradores.
Nem a americana Katie nem o australiano Dennis procuravam o amor quan do se inscreveram num serviço de mensagens em 1999. O perfil de Katie, 39 anos – “divorciada, duas filhas, adora viajar, cozinhar e malhar” – levou Dennis, 55, a se apresentar: “viúvo, quatro filhos, em busca de sugestões para as férias”. “Teclamos por umas três horas”, diz Dennis. “Discutimos filhos, emprego, planos e esperanças.”
Começaram a trocar e-mails. “Com ele eu me sentia inteligente e interessante”, diz Katie. “Era muito diferente de tudo o que eu já sentira.” Logo, ela se levantava às 4h30 da manhã para conversar antes que as filhas acordassem. A milhares de quilômetros dali, Dennis ficava acordado até depois da meia-noite. Seguiram-se telefonemas e fotos.
“Ela se descreveu como alta, magra, ruiva, olhos verdes”, diz Dennis. “Aí recebi a foto; oba, oba!” Dois meses depois das primeiras mensagens, Dennis, nervoso, pegou um avião e foi ao Alabama conhecer a mulher por quem se apaixonara. “Ela me beijou e foi arrebatador”, diz Dennis. Katie concorda. “Combinamos. Estarmos juntos foi como encontrar a peça que faltava no quebra-cabeça.” Casaram-se em 2001. “Às vezes, olho para Katie e não consigo acreditar que ela está aqui comigo.”
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John, pedreiro irlandês de 39 anos, era divorciado e pai de dois filhos quando conheceu a divorciada Louise, de 22, em 1997. “Ele me disse que me amava na mesma semana em que nos conhecemos”, diz ela sorrindo. “E continuou a dizer isso todo dia desde então.”
Mas a aconchegante rotina mudou no dia em que um vaso sanguíneo estourou no cérebro de John. Por nove semanas, ele oscilou entre a vida e a morte. Os médicos disseram que, se sobrevivesse, ficaria tetraplégico e precisaria de cuidados em tempo integral.
John passou seis meses na enfermaria neurológica e mais dois anos numa casa de repouso. Louise o visitava diariamente. “Todo dia eu lhe pedia que não morresse, que ainda íamos viver felizes para sempre”, conta Louise. “Quando avisei à família e aos amigos que o levaria para casa, todos temeram pelo meu futuro, mas eu sabia que, se não fizesse isso, a minha vida nunca seria completa.”
O casamento aconteceu em 2005. Louise estudou enfermagem e se tornou cuidadora do marido. Não é como antes, mas ainda há intimidade. “Quando alguém que amamos quase morre na nossa frente, tudo muda.” John vira a cabeça para olhar a esposa e sorri. “Ela é uma pessoa rara por me aceitar”, sussurra, os olhos marejados. “Não sou de convivência fácil.” Louise discorda. “Adoro minha vida e não mudaria nada. Não posso curar John, mas pude trazê-lo para casa, cuidar dele e amá-lo. E tem sido fácil.
Jacinta e Steve foram criados em fazendas. Steve sempre gostou de viver no campo, mas Jacinta estava louca para partir. Aos 18 anos, mudou-se para Melbourne. Quando se conheceram, na véspera do Ano Novo de 2006, Jacinta era mãe solteira e morava numa casinha na cidade, e Steve possuía o seu grande orgulho, uma casa de fazenda com quase meio hectare de terreno. Tudo começou com um beijo. Em poucas horas, não tinham dúvida de que se casariam.
“Eu sabia que era sério”, diz Jacinta. “Tive aquela sensação de que o encontro, o beijo à meia-noite, acordarmos juntos no dia seguinte, tudo isso tinha de acontecer.” Steve concorda. “Ela era a pessoa certa. Simples assim.”
Apesar dos sentimentos e do compromisso mútuo, nenhum deles largaria a vida que escolhera. Viveriam como marido e mulher em casas separadas: Steve no campo, em Fern Hill, Victoria, e Jacinta a 90 km dali, em Melbourne. Assim, passam fins de semana juntos, quase sempre em Melbourne, mas ficam separados durante a semana. “Frequentemente, morar junto torna-se o fardo cotidiano da vida”, diz Steve. “Eu e Jacinta não brigamos por causa do assento levantado do vaso sanitário nem das roupas jogadas no chão. Como nosso tempo é limitado, deixamos essas coisas para lá e não nos irritamos um com o outro.”
Lidar com a distância não é fácil, claro que sentem saudades, mas telefonemas e recados ajudam. “É como ter um encontro romântico toda vez que nos vemos”, explica Jacinta. “É unir o útil ao agradável.”
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Em 1995, quando a executiva Heather contratou o médico e aventureiro Glenn para uma palestra, não gostava da vida ao ar livre. “Gostava de bolsas, maquiagem, me preocupava com a aparência.” Onze anos depois, com roupas feitas para queda livre, o casal pulou de uma laje a 6.600 metros de altitude no Himalaia e bateu o recorde mundial de BASE jump .
Heather ficou imediatamente fascinada por Glenn, mas o interesse virou medo no começo do namoro. “Tentei obrigá-lo a desistir do voo livre. Não queria perdê-lo.” Mas ele não parou com nenhuma atividade e, em parte, ela ficou contente. “Glenn me apresentou à escalada em interiores, ao rapel e ao canyoning. Mostrou que eu podia ser muito mais.” Glenn, que passava por uma separação difícil quando eles se conheceram, também mudou. “Pensei até em suicídio”, diz ele. “Heather literalmente salvou minha vida. É algo forte sair pelo mundo sabendo que somos amados.”
Ainda enfrentaram obstáculos, como um acidente de bungee jump que deixou Heather com lesões internas graves. “Heather e eu fomos até onde a maioria nunca vai, e juntos”, diz Glenn. “Nos vimos com medo e vulneráveis, e também vimos o que temos de melhor. Além dos desafios físicos, os dois trabalham juntos como documentaristas e palestrantes. Nenhum dos dois quer ficar longe do outro. “É maravilhoso estar perto de alguém assim. Dá vontade de se esforçar ainda mais para ver o que é possível”, diz Heather.