Fósseis de dinossauros de mais de 80 milhões de anos são encontrados no interior de São Paulo durante obras em rodovia.
Os dinossauros surgiram há pelo menos 233 milhões de anos, mas ainda hoje causam fascínio e instigam pesssoas em todo o mundo. E uma descoberta feita no último fim de semana surpreendeu a comunidade científica e colocou os holofotes no Brasil.
No último fim de semana, durante obras de duplicação da rodovia 153, no quilômetro 85, em Mirassol, no interior de São Paulo, foram encontrados fósseis de dinossauros. Os fósseis que estavam enterrados a 10 metros de profundidade datam do período Cretáceo, conhecido como período final da "Era dos dinossauros", há 80 milhões de anos.
Paleontólogos acreditam que o mais provável é que os fósseis pertençam ao grupo de titanossauros Saurópodes. Durante a descoberta acidental, foram encontrados pedaços do fêmur com cerca de 80 centímetros, um úmero, uma vértebra caudal e um dente. Os ossos foram encontrados na escavação de um barranco para construção da via dupla da obra.
"Eles estavam em um barranco que estava sendo escavado. Por estarem próximos, acreditamos que sejam todos de um mesmo animal, com exceção do dente, que foi encontrado a 30 metros dos demais" esclarece o paleontólogo responsável pelo Museu de Paleontologia de Marília, William Nava, que trabalhou durante 10 horas de escavação.
O que são titanossauros e qual a importância da descoberta dos fósseis
Os titanossauros viveram predominantemente na América do Sul. Eles eram quadrúpedes, herbívoros e de pescoço longo. Possuíam em cerca 12 metros de comprimento, 6 metros de altura e pesavam cerca de 10 a 15 toneladas.
Para os paleontólogos, essa descoberta é importante para ajudar a desenhar o cenário em que esses animais viveram há milhões de anos no interior do Estado de São Paulo – uma região onde é muito comum o encontro de fósseis.
"Os estudos sobre a paleofauna da região vêm se ampliando bastante, assim como a descoberta de novos sítios fossilíferos. Um achado como esse não só amplia a área de ocorrência de materiais de titanossauros na região, como permite conhecer melhor a diversidade desse grupo e como ele interagia com os outros animais já descobertos na nossa região", explica Fabiano Vidoi Iori, paleontólogo do Museu Pedro Candolo.
Onde estão os fragmentos agora
Os fragmentos foram levados para o Museu de Paleontologia Pedro Candolo, em Uchoa, que também fica no interior de São Paulo, para que fossem melhor pesquisados. Esse trabalho de análise deve durar mais ou menos um ano.
"A gente começou a fazer a preparação dos fósseis, que é a remoção total do bloco de rocha onde eles estão inseridos, assim teremos acesso total aos ossos para identificar quais suas características. Depois disso, os comparamos com outros fósseis do mesmo grupo e assim vemos se é de alguma espécie já conhecida ou até mesmo de uma espécie inédita", esclarece Fabiano Vidoi Iori.