Descubra como as histórias de ficção científica não são meras fantasias de seus autores, e muitas podem, sim, prever o futuro.
Thaís Garcez | 9 de Maio de 2020 às 12:00
Na mente de grande parte das pessoas, a ciência é a verdade, enquanto a ficção científica é o faz de conta, e um abismo intransponível separa uma da outra. Mas cientistas e escritores de ficção científica muitas vezes trocam ideias entre si e alguns conseguem combinar as duas profissões.
Konstantin Tsiolkovski, por exemplo, cujas teorias pioneiras no campo da astronáutica constituíram a base para o desenvolvimento dos programas espaciais russos dos anos 50 e 60, era também um escritor de ficção científica. Seu romance Para Lá do Planeta Terra, escrito em 1920, profetizava as grandes descobertas do nosso tempo; antevendo grandes estações espaciais nas quais viveriam gerações de pessoas.
Outros escritores de ficção científica inspiraram-se num conhecimento profundo das descobertas científicas. Em 1870, por exemplo, quando Júlio Verne escreveu Vinte Mil Léguas Submarinas, ele sabia, ao contrário da maioria de seus leitores, que as conquistas ocorridas na época no âmbito da tecnologia submarina davam a seus personagens um traço de verossimilhança.
Assim, não surpreende que a ficção científica possa prever, com muitos anos ou mesmo séculos de antecedência, diversas invenções. Tomemos como exemplo a mais famosa novela de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo. Escrita em 1932, a profecia de Huxley sobre os bebês de proveta parecia uma descabida fantasia na época. Huxley também introduziu a ideia de reprodução humana a partir de um única célula. Em 1997, com o nascimento de Dolly, uma ovelha gerada pela clonagem de outra ovelha adulta, o “desvario” de Huxley tornou-se um ramo da ciência experimental.
H. G. Wells era, em especial, clarividente. Seu romance O Mundo Libertado, escrito em 1914, fornece uma imagem correta dos efeitos da contaminação radioativa. E em 1895, um ano antes de Henri Becquerel ter descoberto a radioatividade, Robert Cromie anteviu uma bomba atômica no seu romance As Trombetas do Fim do Mundo.
Existem muitos outros exemplos. Em 1893, E. Douglas Fawcett, no seu conto Hartmann, o Anarquista, profetizou o bombardeio aéreo de Londres, e a primeira viagem à Lua foi antevista em 1835 por Edgar Allan Poe, em A Aventura Inusitada de Hans Phaal. Diante desses oráculos bem-sucedidos, que outras previsões da ficção científica poderão ainda tornar-se realidade? Você se arriscaria a dizer?