Familiares de vítimas da Boate Kiss pretendem processar Netflix; saiba o motivo.

Há dez anos atrás ocorreu um incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS). Assim, mais de 600 pessoas ficaram feridas e outras 242 foram a óbito. No dia 25 de janeiro, a plataforma Netflix lançou a série "Todo Dia a Mesma Noite", baseada em livro homônimo que traz a história de algumas das vítimas do acidente.

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Assim, com menos de uma semana de lançamento, a série já está se destacando no burburinho das redes. No entanto, não necessariamente pela qualidade de sua produção. Acontece que, há um grupo de pessoas manifestando extremo incômodo com a série. Inclusive, a dor do grupo é tanta que estão desejando processar a Netflix.

Por que familiares das vítimas da boate Kiss querem processar a Netflix?

A série "Todo Dia a Mesma Noite" dramatiza a história de algumas famílias de vítimas do incêndio, desde a partir da tragédia até o julgamento ocorrido em 2021. Para algumas pessoas, até aí pode estar tudo bem. Certo? Nem tanto.

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Segundo o coordenador do grupo de familiares e apoiadores de vítimas da tragédia, o empresário Eriton Luiz Tonetto Lopes, que perdeu a filha Évelin Costa Lopes, de 19 anos, a série traz aos familiares e amigos das vítimas o sentimento de indignação e injustiça.

Em entrevista para a Gaúcha ZH, Eriton afirma que a produção da série foi realizada sem o consentimento de todas as famílias. Assim, muitas pessoas estão vindo a passar mal por conta da série.

"Queremos entender quem autorizou, quem foi avisado, porque muitos de nós não fomos. Há pais passando mal por causa da série. O mínimo que exigimos agora é que uma parte do lucro seja repassada para tratamento de sobreviventes e para a construção do memorial da Kiss. Nós não queremos nenhum dinheiro para nós", explicou Eriton Lopes em entrevista para GZH.

Assim, Eriton mostra uma realidade contrária à divulgada em comunicado oficial pela Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da tragédia de Santa Maria. Onde no domingo (29), comunicou que se sente " representada" tanto pela série, quanto pelo livro escrito por Daniela Arbex e que deu origem à produção.

"Perante a divulgação em inúmeros veículos da imprensa acerca de um processo contra a empresa Netflix em função da série "Todo o dia a mesma noite", a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da tragédia de Santa Maria esclarece através dessa nota que estávamos sim cientes que a produção estava sendo realizada com nos personagens do livro "Todo dia a mesma noite: a história não contada da Boate Kiss" de Daniela Arbex, e sente-se representada por ela bem como pelo livro da autora", disse Gabriel Rovadoschi Barros, presidente da AVTSM, em trecho de sua nota de esclarecimento. 

Confira a nota de esclarecimento da AVTSM na íntegra.

Portanto, é preciso ser entendido que a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria não representa todos os parentes das vítimas. Deste modo, o grupo coordenado por Eriton apresenta um posicionamento contrário ao da Associação.

Assim, o grupo de 40 famílias contratou a advogada, Juliane Muller Korb, para conversar com a Netflix. No entanto, dependendo do caminhar do diálogo, o grupo não descarta a possibilidade de processar a plataforma de streaming.

"Os familiaires querem justiça, não querem esquecimento. Querem que fale sobre o incêndio, como em outros documentários e produções jornalísticas, mas sem dramatização e sensacionalismo visto nessa série. Foi pesado para eles verem a cena do reconhecimento dos corpos no ginásio logo no trailer. Muitos não conseguiram fazer isso quando a tragédia aconteceu e, depois, nunca mais viram os corpos", comentou a advogada, Juliane Muller Korb, em entrevista para o portal Splash.

Até o momento a Netflix não se pronunciou sobre o caso. Logo, em caso de pronunciamento, iremos atualizar as informações. Por enquanto, o que sabemos é que sendo do grupo pró ou contra a série, a situação também alerta sobre, o processo de lidar com o luto e a dor de uma perda que muitas famílias e amigos estão tendo que lidar desde a noite da tragédia.