Nesta sexta-feira (20) é celebrado o Dia do Poeta! Conheça 7 poemas brasileiros que marcam nossa cultura.
Nesta sexta-feira (20) é celebrado o Dia do Poeta, autores sensíveis que conseguem carregar emoção e trazer sensações intensas em cada palavra escrita. Sobre diversos temas, com rima ou sem rima, as poesias transparecem a alma de quem escreve, contam histórias e, até mesmo, contextualizam períodos.
Alguns poemas são considerados marcos literários, sendo indispensáveis para o entendimento de uma cultura. Pensando nisso e usando a data como argumento, montamos uma seleção de poemas que você deve conhecer, confira agora!
Dia do Poeta: 7 poemas para conhecer melhor esse gênero textual
Alphonsus de Guimaraens, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, entre muitos outros, são nomes icônicos da nossa literatura e seus poemas indispensáveis.
1. No Meio do Caminho, de Carlos Drummond de Andrade
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
2. Maio 1964, de Ferreira Gullar
Na leiteira a tarde se repete
em iogurtes, coalhadas, copos
de leite
e no meu espelho meu rosto. São
quatro horas da tarde, em maio.
Tenho 33 anos e uma gastrite. Amo
a vida
que é cheia de crianças, de flores
e mulheres, a vida,
esse direito de estar no mundo,
ter dois pés e mãos, uma cara
e a fome de tudo, a esperança.
Esse direito de todos
que nenhum ato
institucional ou constitucional
pode cassar ou legar.
Mas quantos amigos presos!
quantos em cárceres escuros
onde a tarde fede a urina e terror.
3. Soneto de Fidelidade, de Vinícius de Moraes
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de que ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
4. Eu sou tão isósceles, de Paulo Leminski
Eu sou tão isósceles
Você ângulo
Hipóteses
Sobre o meu tesão
Teses sínteses
Antíteses
Vê bem onde pises
Pode ser meu coração
5. Ismália, de Alphonsus de Guimaraens
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na terra a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
6. Amor, de Oswald de Andrade
Humor.
7. Com licença poética, de Adélia Prado
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedrigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida, é maldição para homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
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