Dia 25 de julho é o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Conheça Rainha Tereza, como era chamada, e suas lutas.
Thaynara Firmiano | 23 de Julho de 2021 às 20:00
Dia 25 de julho é o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. No Brasil, a data ganhou o nome de Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, representando a luta das mulheres negras contra o machismo e o racismo. Mas, afinal, quem foi Tereza de Benguela e por que a data ganhou seu nome?
Tereza de Benguela foi casada com José Piolho, que chefiava o Quilombo do Quariterê, também conhecido como Quilombo do Piolho. Após a morte de seu marido, Tereza se tornou a líder do Quilombo, que ficava entre o rio Guaporé e a atual cidade de Cuiabá, em Mato Grosso.
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Durante duas décadas, Tereza resistiu à escravidão ao lado de mulheres e homens negros e indígenas. Em sua administração, Rainha Tereza, como ficou conhecida, criou uma estrutura política, econômica e administrativa. Além de uma forma de organizar as armas e mecanismos de defesa do local.
A rainha lutou bravamente e, por 20 anos, chegou a abrigar e a comandar mais de 3 mil escravizados. O Quilombo do Quariterê foi o maior de Mato Grosso, criado em 1730, e foi comandado por Tereza entre 1750 e 1770. A rainha só deixou de comandar o quilombo quando morreu.
As informações sobre a sua morte não são claras. Relatos indicam que foi suicídio, após ser capturada. No entanto, também há informações de que ela teria sido assassinada por militares, após sua captura.
O Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha surgiu, em 1992, no Encontro de Mulheres Afro-Latina-Americanas e Afro-Caribenhas, na República Dominicana. Naquele evento, debateu-se a luta de combate ao machismo e ao racismo, e, então, escolheram a data do encontro, 25 de julho, com o objetivo de amplificar as lutas das mulheres negras.
As discriminações sociais afetam duplamente as mulheres negras; isto é, por serem mulheres e por serem negras. Por isso, torna-se necessária uma luta específica.
Essa luta foca especificamente nas mulheres não brancas, pois suas experiências são diferentes das vividas por mulheres brancas, em muitos aspectos. Além do machismo, sofrem com o racismo e, por muitas vezes, com a pobreza.
Em terras brasileiras, a data ganhou o nome de Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, em 2014. A data comemorativa foi instituída pela ex-presidente Dilma Rousseff, que, à época, decidiu nacionalizar a data e nomeá-la em homenagem à guerreira quilombola.
Há estudos e dados que mostram a necessidade de pensar políticas públicas voltadas para as mulheres não brancas e suas especificidades. Segundo dados da ONU, a América Latina, por exemplo, possui 14 dos 25 países que mais cometem feminicídio.
Na lista geral, o Brasil ocupa a quinta colocação. Na América Latina, é o país é onde mais se comete feminicícios. Além disso, de acordo com o Atlas da Violência, em 2018, 68% das mulheres assassinadas no Brasil eram negras.