Conheça como surgiram as Olimpíadas, seus valores e curiosidades históricas. Descubra também a origem da Paraolimpíada e dos Jogos de Inverno.
Thaís Garcez | 5 de Julho de 2021 às 15:00
Há eras que os homens alimentam rivalidades em disputas esportivas e buscam superar seus limites. Mas desde os primeiros jogos até hoje muita coisa mudou. Apesar de não existirem indícios concretos sobre o início das Olimpíadas, sabe-se que a ideia advém de muitos anos antes de Cristo.
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Se no princípio a motivação era homenagear os deuses do Olimpo, agora atletas do mundo todo se reúnem para alcançar um só objetivo: a vitória. São anos de treino e aperfeiçoamento para, ao fim, poderem carregar uma medalha no pescoço e ser o orgulho de seu país.
Mas os Jogos Olímpicos também fazem parte da história mundial e da política. São vários os casos em que as Olimpíadas interferiram nos acontecimentos históricos ou foram palco deles. De todo modo, é possível afirmar que essa festa, que acontece de 4 em 4 anos, é muito mais do que só esporte.
Ainda que não haja registros claros sobre os primeiros Jogos Olímpicos, a mitologia grega nos ajuda a ter uma noção. A princípio, conta a tradição mitológica que Hércules, após realizar seus famosos 12 trabalhos, decidiu criar um festival esportivo na cidade de Olímpia, em homenagem ao seu pai, Zeus.
Naquela época, entre os séculos 12 e 9 a.C., os atletas gregos não vislumbravam medalhas, e, sim, riqueza, glória e fama. As modalidades existentes eram: corrida, salto, luta, lançamento de dardo e lançamento de disco. Ao fim das disputas, o vencedor recebia uma coroa de ramos de oliveiras e todas as regalias devidas.
Vale dizer, que somente os homens podiam competir. E como curiosidade, em alguns esportes, eles competiam nus, por não existirem roupas adequadas para a prática.
Porém, depois de 293 edições, as Olimpíadas foram interrompidas. Depois da conversão do imperador Teodosio I ao cristianismo, os jogos passaram a ser proibidos, já que eram considerados práticas pagãs. Entretanto, a importância da Olimpíada já não era mais a mesma, há muito tempo ela já seguia em um processo de decadência.
Depois de um grande intervalo – cerca de 1500 anos -, em 1896, realizou-se a primeira Olimpíada da Era Moderna. Graças ao aristocrata suíço Pierre de Fredy, o Barão de Coubertin, em Atenas, os jogos voltaram a acontecer. Ele também foi o responsável pela criação do Comitê Olímpico Internacional-COI.
E, se antes somente os gregos podiam participar, dessa vez não havia mais fronteiras. Nesse grande evento estiveram presentes delegações de 14 países, somando ao todo 241 atletas. Mas as mulheres ainda estavam proibidas de participar. Além disso, os tipos de modalidades esportivas passaram de 5 para 43.
Na Antiguidade, os Jogos Olímpicos determinavam uma trégua universal, ou seja, um período em que não poderiam haver guerras. Já na Era Moderna, eles foram cancelados pelas duas Guerras Mundiais. Aliás, somente 3 eventos históricos interromperam a regularidade do intervalo de 4 anos entre uma Olimpíada e outra: as duas guerras mundiais e a pandemia de Covid-19.
Os esportes praticados no gelo ou na neve também têm uma Olimpíada para chamar de sua. Em 1924, ocorreram na França, mais precisamente em Chamonix, os primeiros Jogos Olímpicos de Inverno. Mas, a princípio, o evento se chamava Semana Internacional de Desportos de Inverno.
Somente em 1926 é que os jogos obtiveram reconhecimento do COI e passaram a ser considerados Jogos Olímpicos de Inverno. No início, as partidas aconteciam no mesmo ano das Olimpíadas. Depois, a partir de 1994, eles passaram a acontecer de dois em dois anos, sem coincidir com os Jogos de Verão.
Por razões óbvias, os países de clima tropical não têm tradição nesse evento esportivo. Entretanto, assim como a Jamaica – que competiu, em 1993, no bobsled -, o Brasil também esteve presente, quebrando paradigmas. Sua primeira participação foi nos jogos de Albertville, na França, em 1992.
Em 2022, nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, o Brasil competirá pela nona vez. Entre os esportes que os atletas brasileiros buscam se classificar para concorrer a uma medalha olímpica estão: bobsled (masculino e feminino), skeleton, patinação artística, patinação de velocidade e curling.
Se por um lado a Segunda Guerra Mundial resultou no cancelamento da Olimpíadas de 1940 e 1944, por outro ela foi o motivo de criar uma Paraolimpíadas. Em 1948, em Stoke Mandeville, na Inglaterra, surgiram os Jogos Internacionais de Stoke Mandeville.
Realizados com o objetivo de criar competições nas quais os veteranos de guerra mutilados pudessem competir, o evento inglês foi o embrião para as Paraolimpíadas. Em 1952, os jogos passaram a ter competidores de outras nacionalidades.
Em 1960, o evento foi realizado pela primeira vez fora da Inglaterra, em Roma, e passou a ser chamado de Jogos Paraolímpicos. No início, acontecia anualmente. Depois de Roma, passou a ocorrer de quatro em quatro anos. Além disso, somente em 1988, a Paraolimpíada começou a ser realizada na mesma cidade-sede da Olimpíada.
O número de competidores, que não se restringia mais aos veteranos de guerra, também aumentou com o tempo. Se em Roma participaram 400 atletas de 23 países, atualmente já são mais de 4 mil competidores de diversas nacionalidades.
O Brasil está presente nos Jogos Paralímpicos desde 1972, quando o evento aconteceu na então Alemanha Ocidental. Desde então, vem aumentando o número de esportistas e diversificando sua participação nas modalidades existentes. Até o momento, já conquistamos 301 medalhas, sendo 87 de ouro, 112 de prata e 102 de bronze; a primeira foi em 1976, em Toronto.
Em breve, acontecerá a Olimpíada de Tóquio. Será, sem dúvida, um evento que marcará a história dos Jogos Olímpicos. Por causa da pandemia, as arenas e estádios receberão apenas 50% da capacidade de público; e somente cidadãos japoneses. Mas algumas competições poderão ocorrer sem público.
Como a campanha de vacinação mundial ainda está em andamento, os cuidados serão redobrados. Mas apesar de tudo, nada apagará o brilho desse evento milenar.