Conheça 35 livros escritos por autores negros de diversos países e dos mais variados gêneros para que possamos ter outra visão do mundo.
Arman Neto | 19 de Novembro de 2020 às 20:00
Poucas coisas neste mundo nos ensinam mais sobre o outro do que os livros. Sejam eles de ficção ou não, a literatura pode nos servir como uma grande professora quando se trata de compreender realidades que não conhecemos ou não vivemos.
Além disso, há também aquela máxima tão popular que defende que por meio dos livros nós temos a oportunidade de viajar e conhecer lugares – alguns que existem apenas na fantasia – sem sair do lugar.
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Apesar de todo esse benefício que a literatura pode nos trazer, e da beleza que é a ideia de nos tornarmos pessoas mais empáticas por sermos ótimos leitores, tudo isso, infelizmente, tende a ficar preso apenas no campo da teoria, pois na prática a realidade é completamente outra.
De acordo com um estudo iniciado em 2003 pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília, sob a coordenação da professora e pesquisadora Regina Dalcastagnè, o perfil do escritor brasileiro de ficção publicado por grandes escritoras é o mesmo há mais de 40 anos: homem, branco, classe média e nascido no eixo Rio-São Paulo.
E isso se reflete na literatura desses autores. Seus personagens tendem a ter o mesmo perfil deles. No máximo, com pouquíssimas diferenças.
E quando a gente pensa que é muito comum que autores escrevam apenas sobre aquilo que conhecem, fica muito difícil acreditar que teremos acesso a narrativas que difiram muito daquilo que já conhecemos, em maior ou menor grau.
Isso quer dizer a literatura não nos faz mais empáticos? Não. Mas pode dizer que a gente corre o risco de estarmos tendo contato apenas com histórias que já conhecemos.
A premiada escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie deu um discurso que fez muito sucesso no qual ela fala dos perigos de uma história única. Em resumo, ela diz que quando temos acesso apenas a histórias que partem de uma mesma perspectiva é normal que a gente trate diversos estereótipos e preconceitos como uma verdade.
O problema de ficarmos reféns de histórias únicas, e por consequência, de possíveis estereótipos e preconceitos, é que ela tende a desumanizar o outro. E não raro, sem essa intenção.
E, com isso, reforçamos esses estereótipos e preconceitos por acharmos que eles são reais, porque aquela versão da história que conhecemos é a única que conhecemos.
Por essas e outras que quando Carolina Maria de Jesus lançou em 1960 o seu clássico Quarto de despejo, ela fez um sucesso estrondoso. Afinal, todo mundo queria ler o que aquela mulher negra, pobre e moradora da favela tinha para contar.
Porém, temos outro problema: é muito comum que vozes não-brancas sejam silenciadas. Exatamente o que aconteceu com Ruth Guimarães, que no final de década de quarenta se tornou a primeira autora negra brasileira a ganhar destaque nacional, chegando a ser elogiada por Antonio Candido, o maior crítico literário que o Brasil já teve. Apesar de seu grande sucesso à época, hoje em dia poucos a conhecem.
E isso, sabemos, é consequência do racismo que é tão presente em nossa sociedade.
Felizmente as coisas estão mudando. E a cada ano que passa o número de livros de escritores negros e indígenas só aumenta. E ao contrário do que muitos defendiam, eles vêm se tornando grandes sucessos comerciais. Não à toa que dos 5 livros mais vendidos da FLIP de 2019, 4 eram de autores negros e 1 indígena.
Por isso tudo resolvemos preparar essa lista mais do que especial com a indicação de 35 livros escritos por autoras e autores negros de diversos países e dos mais variados gêneros, para que possamos ter outra perspectiva do mundo. Esperamos que vocês gostem.
Um defeito de cor é um dos romances mais importantes – se não for o mais importante! – da literatura brasileira do século XXI.
Nesta obra de quase mil páginas, Ana Maria Gonçalves narra a história de vida de Kehinde, que fora sequestrada ainda criança no Reino do Daomé (atual Benin) e trazida para o Brasil, onde aporta na Ilha de Itaparica, na Bahia.
O romance, que guarda em si diversos momentos bem pesados e outros muito bonitos, é um baita registro historiográfico de um período de nossa história, mas dessa vez, a partir do olhar de uma mulher negra – tanto da personagem, Kehinde, como da autora, Ana Maria Gonçalves.
Kehinde, que foi inspirada em Luísa Mahin, é uma mulher muito forte, resiliente e, sobretudo, humana. Com suas virtudes e defeitos, ela passa pelas mais diversas situações, viaja pelo Brasil e pela África e ainda faz parte de uma das mais importantes revoltas brasileiras, a Revolta dos Malês.
Sem dúvida alguma, Um defeito de cor é uma das obras mais emblemáticas da literatura universal e que todos precisam ler.
Toni Morrison, além da tremenda escritora que foi, também é uma grande inspiração. A autora publicou o seu primeiro livro somente aos 39 anos de idade e ainda assim foi laureada com o Prêmio Nobel de Literatura, sendo a primeira escritora negra a receber tamanha honraria, e nos mostrando que nunca é tarde para começar algo novo em nossas vidas.
Em Amada, Toni Morrison se baseia em uma história real, mas deixa que a sua imaginação voe para dar forma ao livro, sem se apegar à factualidade, que ela mesma preferiu desconhecer e assim poder dar vida a sua história.
Neste romance, publicado em 1987, Morrison conta a história de Sethe, que precisa lidar com as consequências de uma escolha que fez no passado para que ela e seus filhos pudessem escapar da escravidão, nos mostrando que o que fizemos um dia pode sempre voltar para nos assombrar.
Uma história triste, pesada e ao mesmo bela, desta que é uma das maiores escritoras de todos os tempos.
Zadie Smith é uma das autoras mais celebradas da literatura contemporânea. Ela despontou na cena literária com o romance Dentes brancos quando tinha apenas 24 anos e logo se tornou um grande sucesso, se estabelecendo mais tarde como uma ficcionista de mão cheia e uma das maiores ensaístas de nosso tempo.
Em Sobre a beleza, Zadie Smith narra a história de duas famílias, os Belsey e os Kipps, que têm suas vidas entrelaçadas por causa da rivalidade intelectual e ideológica entre os professores universitários Howard Belsey e Monty Kipps.
Com diálogos afiados e personagens muito bem construídos, Sobre a beleza é mais uma obra de Zadie Smith que versa sobre identidade e pertencimento, nos levando à reflexão diante dos questionamentos sobre relacionamentos interraciais, moralidade e cultura que permeiam o romance.
Ruth Guimarães é uma de nossas escritoras mais importantes, mas que teve a sua história invisibilizada pelo racismo. Aclamada pela crítica, fora a primeira escritora negra a ter reconhecimento nacional.
Estudiosa do folclore brasileiro, Guimarães escrevia sobre a cultura caipira do interior paulista e do sul de Minas, além de ser tradutora do francês, do russo e do latim.
Em Água funda, seu único romance, lançado em 1946, Ruth Guimarães narra a história de uma comunidade rural na Serra da Mantiqueira, tendo como foco Sinhá Carolina, dona da Fazenda Nossa Senhora dos Olhos d’Água, e do casal Joca e Curiango, trabalhadores locais, num arco temporal que vai da época da escravidão até os anos 1930.
Água funda é um dos trabalhos mais bonitos da literatura brasileira, com um trabalho estilístico primoroso e uma história encantadora e fantástica.
Sueli Carneiro é uma das maiores intelectuais brasileiras. Filósofa, ativista social e fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra, ela é uma das chaves para se entender o Brasil.
Escritos de uma vida é uma coletânea de artigos publicados ao longo de sua trajetória, nos quais a defesa da mulher e do povo negro e o confronto ao racismo são temas centrais.
Com apresentação de Djamila Ribeiro e prefácio de ninguém mais, ninguém menos do que Conceição Evaristo, Escritos de uma vida é um livro essencial para se ter outra perspectiva do nosso país.
Pesado demais para a ventania é uma antologia de poemas de um dos maiores poetas brasileiros contemporâneos, o Ricardo Aleixo.
Este livro reúne o melhor de 25 anos da produção poética de Aleixo, que multidisciplinar, também é artista plástico e performer. É simplesmente impossível ficar impassível ao seu trabalho, que é profundo e com uma preocupação estética que acerta todo mundo em cheio.
Um artista que todo brasileiro deveria conhecer.
Angela Davis é uma das maiores ativistas de nosso tempo e disso ninguém discorda.
Publicada pela primeira vez em 1984, quando Davis tinha apenas 28 anos, a sua autobiografia, que além de contar a sua história da infância à carreira como professora universitária, é também um registro das lutas sociais estadunidenses durante as décadas de 60 e 70.
Uma leitura indispensável para quem que conhecer mais sobre um dos maiores ícones dos movimentos negro e feminista mundiais.
Taiye Selasi nasceu em Londres e foi criada no Massachusetts. Seu pai é ganês e sua mãe, nigeriana. Atualmente Selasi vive em Roma. E é a partir desse olhar multicultural e afropolitano que a autora constrói sua literatura.
Em Adeus, Gana, a morte de Kweku Sai, um cirurgião de renome, é o fio que conduz a narrativa. A notícia de sua partida faz com que a família que ele abandonou no passado se reencontre.
Adeus, Gana é uma história de amor, abandono e pertencimento, no qual Selasi se mostra uma dos grandes nomes da literatura contemporânea ao destrinchar os dramas das relações familiares.
A mulher dos pés descalços, da aclamada escritora ruandesa Scholastique Mukasonga, narra os conflitos que as mulheres na Ruanda precisaram enfrentar na fratricida guerra entre as etnias Tutsi e Hutu, que levou ao terrível genocídio dos Tutsi pelas mãos dos Hutus no ano de 1994.
Mukasonga, que então já estava radicada na França, acompanhou todo esse sofrimento à distância. Ela é da etnia Tutsi e teve sua família massacrada. Com isso, a autora “toma para si o chamamento para dar voz à dor e à perda, principalmente de sua mãe Stefania, cuja memória é homenageada em A mulher de pés descalços”.
Uma leitura triste e emocionante.
Paloma Franca Amorim é uma artista completa: dramaturga, sambista, ilustradora, poeta e escritora. Ela nasceu em Belém, no Pará, e se mudou aos dezoito anos para São Paulo, onde vive até hoje.
Eu preferia ter perdido um olho é um livro de contos e crônicas cuja maioria dos textos já havia sido publicado anteriormente, ao longo de dez anos, no jornal paraense O Liberal.
Os contos e crônicas desta coletânea versam sobre a intimidade, o cotidiano, inquietações, angústias e uma vontade imensa de viver. Com uma escrita por vezes visceral e muito bonita, Paloma se mostra uma das grandes forças da literatura atual. Uma escritora que você precisa conhecer.
Kabengele Munanga é um antropólogo e professor brasileiro-congolês e que tem como especialidade a antropologia da população afro-brasileira, tendo como foco as questões raciais na sociedade brasileira.
Em Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra, Munanga busca debater as questões em torno da identidade nacional brasileira, a fim de compreender o povo brasileiro e como a mestiçagem e a negritude são entendidas em nosso país.
Edimilson de Almeida Pereira é outro grande nome da poesia brasileira contemporânea, tendo publicado diversos livros ao longo de seus trinta anos de carreira.
Em qvasi, o poeta mineiro “reúne as principais vertentes de sua pesquisa poética e intelectual: literatura, antropologia, cultura popular e religiosidade”.
Se é poesia de autoria negra que você está procurando, esta é uma ótima opção.
Carolina Maria de Jesus dispensa apresentações.
Quarto de despejo, seu livro mais famoso, nasceu a partir de seus diários, cujos relatos difíceis têm o poder de nos deixar em suspensão.
Carolina fala da fome, das dificuldades de se viver com seus três filhos na favela do Canindé, em São Paulo, fala também da luta diária para sobreviver. Tudo isso por meio de uma escrita honesta e de um olhar crítico para realidade brasileira ao longo da década de 50, que encantou não só o Brasil, mas o mundo.
Quarto de despejo foi traduzido para mais de dez idiomas.
Na corda bamba é o primeiro romance da escritora estadunidense Kiley Reid, que por ele já fora indicada ao Booker Prize, um dos mais importantes prêmios literários do mundo.
No romance, acompanhamos a história de Emira, uma jovem negra que trabalha como babá e é acusada de sequestrar Briar, a criança que ela cuida, e Alix, a mãe de Briar, que mexida com o racismo sofrido por Emira, tenta de tudo para ajudá-la. Porém, as coisas não são tão simples...
Eliana Alves Cruz é uma das escritoras mais empolgantes da literatura brasileira contemporânea.
Em Água de barrela, Eliana escreve sobre uma família negra no Brasil ao longo de três séculos ao reconstruir a história de seus antepassados que foram sequestrados na África e escravizados no Brasil.
Um dos livros indispensáveis da literatura brasileira atual.
O sol na cabeça, do carioca Geovani Martins, fez um baita barulho quando foi publicado pela primeira vez em 2018. E com razão. Neste livro de contos, temos histórias que olham para o Rio de Janeiro por outra perspectiva: a de quem mora no morro e não no asfalto.
Os contos presentes no livro nos apresentam personagem e situações que representam muito bem a vida periférica. E não pense que isso é feito por meio da violência, como toda história estereotipada faz. Aqui temos histórias diversas e possíveis. E tudo isso por meio de uma escrita que deixaria Machado de Assis sorrindo de orelha à orelha.
O sol na cabeça não é só um livro que registra muito bem o Brasil como vem conquistando outras quebradas: recentemente foi noticiado que Kendrick Lamar, um dos maiores rappers da atualidade, leu e adorou o livro. Definitivamente, isso não é pouca coisa.
Lélia Gonzalez foi uma filósofa, antropóloga, professora, escritora, militante do movimento negro e feminista. Resumidamente, podemos dizer que ela foi uma das maiores e mais importantes intelectuais brasileiras.
Não à toa, quando esteve no Brasil em 2019, Angela Davis disse que ela aprende mais com a Lélia Gonzalez do que poderíamos aprender com ela. Um recado e tanto!
Em Por um feminismo afro latino americano, temos uma coletânea textos produzidos por Lélia de 1979 a 1994, contendo algum dos seus ensaios mais celebrados. O livro traz ainda uma introdução crítica e cronologia de vida e obra da autora.
Imprescindível!
Além de ter sido uma das grandes pensadoras estadunidenses, o que podemos ver em seus ensaios, Audre Lorde também fora uma grande poeta.
Em A unicórnia preta, temos “poemas abordam questões da negritude, do feminismo e da experiência lésbica, além de explorar elementos da cultura Iorubá e dialogar com entidades africanas”.
Além de ter sido traduzido pela poeta Stephanie Borges, a edição brasileira deste clássico de Lorde ainda é bilíngue e conta com prefácio da pesquisadora Jess Oliveira.
Martin Luther King é um dos ativistas políticos mais importantes de todos os tempos, tendo sido figura central na luta pelos direitos civis estadunidenses. É importante lembrar também que King foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz em 1964.
A partir de um arquivo inédito e autobiográfico do próprio King, incluindo cartas e diários não publicados, filmes e gravações, Clayborne Carson cria “um inesquecível retrato em primeira pessoa do grande líder”.
Imperdível!
James Baldwin foi um dos maiores escritores e intelectuais estadunidenses, autor de grandes obras tanto de ficção como de não-ficção.
Em Se a rua Beale falasse, Baldwin narra a história de Tish e Fonny, dois jovens negros que acabram de descobrir que estão grávidos, mas precisam enfrentar o maior desafio de suas vidas: Fonny fora preso injustamente ao ser acusado de ter estuprado uma porto-riquenha, embora não haja nenhuma prova que o incrimine.
Tendo certeza da honestidade de seu companheiro, Tish mobiliza sua família e advogados na tentativa de libertá-lo da prisão.
Vencedor do Prêmio Leya 2018 e publicado no Brasil em 2019, Torto arado é um dos maiores sucessos da literatura brasileira dos últimos anos.
Já tratado como um clássico por muita gente, Torto arado vai para o sertão baiano para contar a história de duas irmãs, Bibiana e Belonísia, que encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó. E a partir de então, as vidas de ambas estarão para sempre ligadas uma a outra.
Itamar Vieira Junior compôs um dos clássicos da literatura brasileira contemporânea.
Um Exu em Nova York é o primeiro livro de contos de uma das maiores cronistas brasileiras, Cidinha da Silva.
Neste livro, vemos Cidinha contar histórias políticas, que abarcam, dentre outros temas, o racismo religioso e colocam negras e negros, assim como a comunidade LGBT, no centro das narrativas. Tudo isso por meio de uma escrita fascinante.
Talvez precisemos de um nome para isso: ou o poema de quem parte, de Stephanie Borges, foi o livro vencedor do IV Prêmio Cepe Nacional de Literatura na categoria poesia que ocorreu em 2018.
Neste livro, Stephanie escreve um longo poema dividido em dez partes em que debate sobre beleza e identidade, temas tão caros às mulheres negras. Uma leitura excelente e que com certeza irá mexer com muita gente.
Eu sei por que o pássaro canta na gaiola é a autobiografia de Marguerite Ann Johnson, mais conhecida como Maya Angelou, uma das grandes escritoras estadunidenses.
Sobre o livro, Oprah Winfrey disse: “eu tinha quinze anos quando descobri Eu sei por que o pássaro canta na gaiola. Foi uma revelação. [...] pela primeira vez, ali estava uma história que finalmente falava ao meu âmago”.
Em Enquanto os dentes, do excelente escritor carioca Carlos Eduardo Pereira, acompanhamos Antônio, que numa manhã chuvosa percorre a cidade do Rio de Janeiro enquanto retorna à casa dos pais.
No romance, o protagonista precisa enfrentar ônibus, metrô, a barca e a própria cidade para conseguir chegar a seu destino nesta história sobre intolerância e discriminação. Detalhe: Antônio é cadeirante, negro e gay, o que muda por completo a perspectiva que se tem de pertencimento, tanto do espaço público como da vida.
A cor púrpura não só é o trabalho mais conhecido da vencedora do Prêmio Pulitzer Alice Walker como também é considerada a sua obra-prima.
Neste romance, que foi adaptado para o cinema por Steven Spielberg e estrelado por Whoopi Goldberg e Oprah Winfrey, Walker narra a vida de Celie, uma mulher negra no sul dos Estados Unidos da primeira metade do século XX, pobre e praticamente analfabeta, que foi abusada, física e psicologicamente, desde a infância pelo padrasto e depois pelo marido.
A essa altura do campeonato, Conceição Evaristo dispensa apresentações.
Olhos d’água é um livro de contos que tem nos diversos cotidianos da população negra o seu fio condutor, e a partir disso, temos contato com os melhores contos já escrito por essa que é uma das maiores escritoras brasileiras.
Olhos d’água foi vencedor do Prêmio Jabuti, o mais prestigiado prêmio da literatura brasileira.
Publicado pela primeira vez em 1952, Pele branca, máscaras negras é o livro de estreia de Frantz Fanon e um dos textos mais influentes dos movimentos de luta antirracista desde sua publicação.
Com uma linguagem bonita e por vezes provocadora, Fanon faz em Pele branca, máscaras negras uma reflexão não só necessária, mas preciosa acerca da questão negra. Um clássico indispensável.
Aclamado por Oprah Winfrey e vencedor do Pulitzer Prize de 2017, The underground railroad: os caminhos para a liberdade é um clássico moderno da literatura estadunidense.
Escrito por Colson Whitehead, que também teve seu romance seguinte, O reformatório Nickel, vencedor do Pulitzer (2020), The underground railroad busca no realismo fantásticos meios de narrar a história de Cora, que atravessará os Estados Unidos em busca de liberdade enquanto descobre “os segredos que se escondiam nas veias de seu país”.
Vozes negras é um livro que reúne quatro contos de cinco autoras negras. São elas: Maria Ferreira, Pétala Souza, Isa Souza, Flor Priscila e Amanda Condasi.
Nos contos do livro, temos histórias poderosas que colocam no centro da narrativa mulheres negras, que geralmente são invisibilizadas tanto por seu gênero quanto por sua raça.
Vozes negras também conta com as ilustrações do artista Limão e prefácio da também escritora Ana Rosa.
Jefferson Tenório nasceu no Rio de Janeiro, mas se radicou em Porto Alegre, onde é doutorando em Teoria Literária pela PUC-RS.
Em O avesso da pele, Tenório escreve uma história pungente, na qual um filho, após a morte do pai, reconstrói a história de seus pais, a fim de resgatar o passado de sua família.
Forte e bem escrito, O avesso da pele expõe as entranhas do racismo brasileiro.
Conhecida pelos romances Hibisco roxo, Meio sol amarelo e Americanah, a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie é uma das maiores escritoras contemporâneas, tendo se tornado, inclusive, a “vencedora das vencedoras” do Woman’s Prize, prestigiado prêmio literário internacional.
No seu pescoço é seu primeiro livro de contos, no qual “encontramos a sensibilidade da autora voltada para a temática da imigração, da desigualdade racial, dos conflitos religiosos e das relações familiares”.
Considerado um grande marco da literatura britânica, Garota, mulher, outras foi aclamado por gente como Barack Obama e vencedor do Booker Prize em 2019.
O romance de Bernadine Evaristo é inventivo: composto de versos livres e sem pontos finais. E ela escolhe esse recurso para contar a história de uma Londres dividida e hostil, logo após a votação do Brexit.
Um marco moderno da sociologia brasileira, Racismo estrutural, do professor, advogado e filósofo Silvio Almeida é também um best-sellernacional.
Partindo do conceito de racismo institucional cunhado por Kwame Turu e Charles Hamilton na década de 70, Silvio Almeida apresenta dados estatísticos e discute como o racismo está na estrutura social, política e econômica da sociedade brasileira.
Nascida em Luanda, Angola, Djaimilia Pereira de Almeida vem se consolidando como uma das grandes escritoras de língua portuguesa contemporânea.
Em Luanda, Lisboa, Paraíso, a vencedora do Prêmio Serrote de Ensaísmo de 2013 conta a história de Cartola e Aquiles, pai e filho que deixam a Angola em busca de tratamento médico em Portugal durante a década de 80.
Boa leitura!
Por Arman Neto
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