Bioplástico criado por estudantes da UFRJ indica o grau de deterioração da comida e pode diminuir o impacto ao meio ambiente causado pelo plástico comum.
Um novo indicador, que aponta se os alimentos estão ou não próprios para o consumo, está prestes a chegar ao mercado: o Plasticor. Criado por estudantes das áreas de nanotecnologia e biotecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o produto inteligente possui biossensores que, em contato com alimentos, são capazes de indicar se eles estão próprios ou não para consumo.
“O Plasticor é um biofilme alternativo ao plástico comum e derivado de fontes não renováveis, como o petróleo. Ele é biodegradável, o que significa que não gera impacto ao meio ambiente. Basta a superfície desse biofilme estar em contato com o alimento que já é possível verificar a mudança de cor. É essa alteração que vai indicar o grau de deterioração da comida. O produto vem acompanhado de uma escala de cor e legenda para identificar o estado do alimento”, afirma Luiz Fellipe Menezes, designer e cofundador do programa.
Inovador, o Plasticor foi desenvolvido para se adaptar a todos os tipos de alimentos, principalmente os que possuem um tempo de prateleira menor (relativo à data de validade), como os frescos: laticínios, carnes, frutas, peixes e outros. “Quando falamos de data de validade de algum alimento, na verdade, trata-se de uma estatística, porque os alimentos não são uma bomba-relógio com data marcada. Dentro desse tempo, existe uma margem de erro estatístico para abraçar esse espectro de tempo”, conta Luiz, que completa:.“O Plasticor traz um retorno real sobre a condição do produto, transmitindo confiança e segurança em relação ao estado do alimento. Esse é um primeiro passo para que, no futuro, possamos consumir alimentos mais saudáveis e com menos desperdício.”
A ideia da criação do projeto surgiu através de um hackathon – um tipo de evento promovido por uma empresa ou instituição (no caso da Plasticor, foi o Sebrae, em parceria com a UFRJ), em que alguns desafios são propostos aos participantes em um período de até três dias. “Atualmente, fazem parte do projeto seis integrantes – das áreas de biofísica, nanotecnologia, design e ciência dos polímeros”, afirma Luiz.
Atualmente, o Plasticor ainda está em fase de testes e estudos – que envolvem entender como ele poderá entrar no mercado. “Ainda não sabemos se será uma venda direta ao cliente ou direto aos estabelecimentos, e que tipo de formato essa embalagem tomará”, finaliza Luiz. Por enquanto, algumas despesas, como insumos e patente, são cobertas por ações pontuais de financiamento coletivo. A torcida é para que o produto chegue logo aos consumidores.
POR MÁRCIO GOMES