Você já se deu conta de quantas funções a gente exerce? Quantas centenas de milhares de pequenas tarefas se acumulam semana após semana numa pilha que
Brunna Lombardi | 11 de Agosto de 2019 às 10:00
Você já se deu conta de quantas funções a gente exerce? Quantas centenas de milhares de pequenas tarefas se acumulam semana após semana numa pilha que parece nunca diminuir?
Por mais ativo e ocupado que a gente esteja e por mais coisas que faça, a gente continua devendo, tá sempre em falta… As coisas continuam vindo incessantemente numa espécie de trabalho contínuo, o tecer de Penélope, que todo dia recomeça e nunca termina.
Ouço amigos dizendo vamos desacelerar, ter uma vida mais tranquila, sem tantas obrigações etc. etc.
Mas mesmo pra quem consegue isso, as pequenas tarefas eternas continuam. E por mais incrível que pareça, mesmo se a gente não acrescentar nada, a montanha só aumenta.
O mundo externo cria um monte de tarefas básicas que se reproduzem velozmente, se multiplicam, cada uma com seus muitos desdobramentos.
Tudo isso interfere nas nossas vidas, nos enrola num emaranhado sem fim de burocracias diárias, coisas que emperram, esperas, fila, banco, boleto, atendimento, registro, contrato, pagamento, prestações, transporte, notícias, segurança, a demora dos outros, erros, perdas. E você pode acrescentar o que quiser e continuar sua própria lista. O mundo agride por todos os lados.
Quem mais quer paz, sossego, quer jogar tudo pro alto e sair por aí, cantando na rua e olhando tudo como se fosse pela primeira vez? Quem quer deitar na grama de um parque no fim de tarde e ficar olhando o sereno movimento das nuvens? Olha o horizonte, o mar, o rio, o pôr do sol, as belezas do mundo que são de graça?
Qual foi a última vez que você dançou sozinho no quarto? Que cantou no chuveiro? Que deu uma gargalhada de bobeira lembrando de um amigo?
Sei que não parece conciliável brincar e se levar a sério, mas quem se leva a sério só pode estar brincando. E saber brincar é um lance muito sério.
Quando eu era criança achava estranho os adultos não quererem brincar. Lembro de ter falado isso com a minha mãe, que naturalmente não levou a sério. Uma pena perder isso.