O tempo passa rápido demais.Isso é papo de velho, eu sei.Quando eu era criança, meus pais diziam isso e meus avós reforçavam isso.
O tempo passa rápido demais.
Isso é papo de velho, eu sei.
Quando eu era criança, meus pais diziam isso e meus avós reforçavam isso.
E eu pensava: PFFF, que tolice. O tempo passa igual.
Mas não.
Outro dia, eu brincava de tampar os olhos quando meu pai me botava no colo pra andar na rua.
Lembro da sensação de leveza e frio na barriga. Coisa de criança.
Menor ainda, meu avô também me botava no colo e balançava as samambaias presas no teto pra eu rir.
Também faz pouco tempo que eu fiz meu discurso de formatura no colégio.
Tenho até hoje guardado o papel com os dizeres em algum lugar.
Eu tinha terminado um namoro há pouco tempo e não queria subir no palco pra discursar, mas não podia desistir.
Naquele tempo, ainda era estranho ser uma quase adulta.
Eu ainda não sentia o tempo passar tão rápido.
Podia viver nas entrelinhas, lembrar detalhes.
E então, entrei na faculdade pra cursar Publicidade e teve o fatídico dia que me colocaram em um estágio de Jornalismo e eu me apaixonei.
Mudei de curso.
E do nada, eu já sou formada em Jornalismo há cinco anos.
Onde foram parar as choppadas que eu fui?
As pessoas que eu conheci?
Os micos que eu paguei?
As viagens que eu fiz?
Parece que certos momentos dos últimos 10 anos foram comprimidos em uma pasta zipada.
Queria ter acesso aos melhores momentos.
Daqui a quatro dias eu faço 28 anos.
Quando eu era pequena e um adulto me dizia que tinha 28 anos, eu pensava que eu já seria mãe – quiçá avó – com essa idade.
Que sem noção.
Hoje to pintando uma unha de cada cor e se pudesse colocava uma saia plissada e gloss de morango e ia pra matinê dançar I’m still in love with you, do Sean Paul.
E eu sinto nem vivi os 27 anos, nem os 26.
Na verdade, sinto que parei nos 17.
Sinto que bati a cabeça e me toquei disso agora.
Ou tomei um porre de cachaça e não lembro de nada (se fosse assim, até valeria a pena).
É verdade que a nossa mente não acompanha o nosso corpo?
Cada vez sinto que preciso prestar atenção no que estou vivendo pra não perder os detalhes.
Afinal, perder detalhes é perder vida.
E o tempo não volta mais.
Queria que alguém me botasse no colo agora.
Mas olho pra minha irmã de quatro anos e me sinto velha porque agora é a vez dela.
Aproveita!
O tempo passa e já já é seu aniversário – de novo!