A gastrite atinge milhões de brasileiros e os sintomas podem confundir o paciente, já que são diversos e causados por fatores diferentes.
Nossos hábitos influenciam o surgimento de diversas doenças, como gastrite, diabetes e pressão alta. Por isso, profissionais da saúde recomendam que a população adote rotinas mais saudáveis com a prática de atividades físicas e uma alimentação mais equilibrada.
O Ministério da Saúde (MS) afirma que escolhas alimentares previnem o aparecimento de doenças e ajudam no tratamento, acelerando a recuperação do paciente. O órgão ainda diz que para montar pratos equilibrados é necessário escolher alimentos nutritivos, fazer boas combinações e preparar da forma correta.
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Assim, é possível aproveitar, ao máximo, os benefícios da alimentação, evitando problemas de saúde como a gastrite. Em 2019, a Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP) divulgou que aproximadamente 2 milhões de brasileiros convivem com a doença, que tem os maus hábitos de consumo como uma das principais causas.
O número elevado preocupa autoridades e acende o sinal de alerta para evitar as principais causas da gastrite, já que pode causar algumas complicações como o câncer de estômago.
Como coordenadora do Centro de Competência de Alimentação e Saúde da PROTESTE, vou explicar as principais dúvidas sobre a gastrite. Acompanhe!
Gastrite: o que é?
Caracterizada por uma inflamação na parede do estômago, a gastrite causa dor, sensação de inchaço e queimação, náuseas, vômitos e gases. O Hospital Sírio Libanês diz que a alteração na mucosa do órgão é um dos principais motivos que levam os pacientes ao consultório de gastroenterologistas.
A mucosa inflamada responsável por proteger o estômago perde essa característica e o suco gástrico atinge diretamente a parede do órgão, causando os sintomas citados anteriormente. Os pacientes com a doença sentem o mal-estar por causa da ação do líquido ácido no tecido que forma o órgão. A substância tem como função contribuir para a digestão dos alimentos.
Por isso, os sintomas são intensificados após a ingestão de alguma comida, já que ocorre o estímulo da produção do suco gástrico.
Apesar de comum, a gastrite ainda causa muitas dúvidas aos pacientes, visto que ela pode aparecer por diversos motivos. Eles são responsáveis por definir o tipo da doença e, consequentemente, qual é o melhor tratamento.
Você sabe a diferença entre gastrite aguda e crônica? Veja a explicação!
Gastrite aguda
Esse tipo de gastrite aparece em alguns momentos específicos e são causados por fatores externos, como o consumo de remédios e bebidas alcoólicas irregularmente, alimentação inadequada e estresse. Os sintomas costumam aparecer quando esses hábitos são estimulados e causam a inflamação da mucosa que reveste a parede do estômago.
O uso de medicamentos como os anti-inflamatórios também causa esse problema. Pesquisadores do Departamento de Farmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) explicam que o remédio inibe a produção deprostaglandina, hormônio responsável pelo controle da produção do suco gástrico e por produzir a mucosa que protege a parede do estômago.
Por isso, o consumo irregular do remédio pode causar náuseas, inchaço e mal-estar na região abdominal. Os cientistas ainda explicam que a sensação de queimação na garganta é causada quando o líquido ácido atinge o esôfago, tubo que leva a comida da boca para o estômago.
Gastrite crônica
A gastrite crônica é caracterizada pela presença contínua da doença, frequentemente causada pela bactéria Helicobacter pylori. O agente invasor fica alojado na parede do estômago e destrói a mucosa responsável por proteger o órgão, que fica exposto às ações do suco gástrico. Ele causa inflamações na parte interna do estômago e dores na parte superior da barriga.
A H. pylori entra no corpo humano por meio de alimentos contaminados, principalmente frutas e verduras. Em alguns casos, ela fica alojada no órgão por meses ou anos até apresentar algum sintoma. Alguns pacientes só descobrem a bactéria quando têm estímulo de algum fator de risco, como o consumo irregular de anti-inflamatórios ou o excesso de álcool.
O Hospital Albert Einstein explica que a bactéria é a segunda mais presente no estômago da população brasileira, presente em aproximadamente 70% dos habitantes. Contudo, apenas a parcela com predisposição genética desenvolve a doença.
A gastrite crônica, diferentemente do tipo agudo, não aparece apenas quando há algum desses estímulos. As inflamações são corriqueiras e estão sempre presentes na parede do estômago. Por isso, preocupa os profissionais de saúde, já que podem evoluir para uma úlcera ou um câncer.
A gastrite crônica pode ser dividida em leve, moderada e enantematosa. Os termos indicam a gravidade e quais ações precisam ser tomadas para reverter o problema. O quadro leve apresenta inflamações em uma pequena parte do estômago e os sintomas aparecem de forma mais branda. Já no caso moderado, os machucados são mais intensos e atingem uma maior parte do tecido.
A gastrite enantematosa é caracterizada por inflamações mais profundas na parede do estômago e pode causar úlceras. Além disso, o paciente apresenta sintomas mais graves e constantes, interferindo na qualidade de vida e na alimentação.
Principais sintomas da gastrite
Como já explicamos, os sintomas podem variar de acordo com a gravidade das inflamações. Apesar disso, eles apresentam as mesmas características, como sensação de queimação, dores na região da barriga, enjoo, perda de apetite, vômito, inchaço e gases.
O médico oncologista, Drauzio Varella, explica que muitos pacientes apresentam dores na região popularmente conhecida como “boca do estômago”, localizada na parte superior do abdômen. O especialista ainda diz que a sensação de queimação pode ser intensificada quando o suco gástrico atinge áreas próximas ao esôfago.
Vale destacar que alguns hábitos também influenciam a presença desses sintomas, como deitar-se logo após uma refeição. Já que o movimento espalha o líquido ácido por várias regiões do estômago.
Em casos mais graves, quando as inflamações estão mais profundas, aumentam as dores e as fezes podem apresentar sangue. É importante procurar um médico caso você tenha alguns desses sintomas continuamente.
Complicações da gastrite
Em um artigo, o Hospital Albert Einstein divulgou que a gastrite pode ter relação com o câncer de estômago. O texto explica que lesões não tratadas podem evoluir para uma atrofia gástrica. Esses ferimentos, ao longo dos anos, podem se transformar em câncer.
Mas não precisa ter medo. O importante é procurar ajuda especializada quando apresentar os sintomas, já que o tratamento é efetivo em 95% dos casos de gastrite por H. pylori.
Como é o diagnóstico?
Ao depender do caso do paciente, algumas consultas médicas são necessárias antes de solicitar algum exame com auxílio de imagem. Acompanhe minha explicação.
Inicialmente, as pessoas com gastrite leve procuram um clínico geral para tratar os sintomas. O médico avalia a gravidade da situação e passa algumas recomendações, como mudanças nos hábitos alimentares. É necessário que o paciente informe seu histórico clínico e como é seu dia a dia. Dessa forma, o profissional da saúde pode ter um diagnóstico mais preciso e identificar as possíveis causas do problema.
Contudo, caso os sintomas continuem, o clínico geral encaminha o paciente para um gastroenterologista. O especialista é responsável por tratar todas as doenças que envolvem o aparelho digestivo, composto pela boca, esôfago, estômago, intestinos e reto.
O gastroenterologista vai fazer perguntas para conhecer o histórico clínico e entender quais são os hábitos de consumo para chegar à causa do problema. Caso o paciente apresente sintomas graves, como dores intensas e contínuas, forte queimação e sangue nas fezes, o exame com auxílio de imagem, chamado de endoscopia, torna-se necessário.
E como o exame é realizado? O médico coloca o endoscópio na boca do paciente, que é sedado, até chegar ao estômago. Com o auxílio de uma câmera, que está anexada ao cabo, ele consegue ver a real situação do órgão e a gravidade das inflamações.
Tratamento da gastrite
Para resultados mais efetivos, além de tratar os sintomas da gastrite, é necessário combater a H. pylori. Já que a bactéria pode ser uma das causas da doença, ela precisa ser tratada. Caso contrário, as inflamações podem voltar, junto com os sintomas e o mal-estar.
Por isso é tão necessário que o médico gastroenterologista descubra as causas que levaram ao desenvolvimento da gastrite.
Contudo, o paciente também precisa mudar alguns hábitos de consumo, como o uso de anti-inflamatórios, alimentos ácidos e álcool. Eles podem atrapalhar o tratamento ou causar novas lesões no estômago.
Cuidados com a alimentação
A alimentação pode ser uma grande aliada no tratamento da gastrite, com algumas mudanças simples, nutritivas e saborosas, os sintomas podem ser aliviados com mais rapidez e eficiência.
O Hospital Sírio Libanês explica que temperos naturais, como o alecrim, podem ser grandes aliados. A couve e o repolho também podem evitar o desenvolvimento de úlceras, completa a instituição.
Alguns itens devem ser evitados: refrigerantes, bebidas alcoólicas, café, enlatados, frituras e comidas gordurosas. É importante procurar um nutricionista para montar um cardápio específico para as suas necessidades.