Bel Kutner, atriz que está no ar em "Nos Tempos do Imperador", compartilha a sua experiência sobre a maternidade.
Filha de Dina Sfat e Paulo José, Bel Kutner já traz a arte em seu DNA que a fez conhecer a profissão que escolheu para a vida. “Não consigo me imaginar não sendo da família de artistas”, revela a atriz. Famosa por diversos papéis que já interpretou no mundo da dramaturgia, a atriz está no ar em “Nos Tempos do Imperador, dando vida à Celestina. Feliz com o trabalho, ela não esconde o encantamento em mergulhar no universo do Brasil da segunda metade do século XIX.
“Fazer um personagem de época é sempre muito bom, é um trabalho lindo. Interpreto uma baronesa fictícia, que não existiu na história, o que me dá liberdade em cena. Além disso, dou vida a uma personagem de outro tempo, que tem outras referências. Isso é um ótimo exercício para uma atriz”, diz.
Mãe de David Mondego, que tem esclerose tuberosa e é autista, a atriz se derrete ao falar do filho, um adolescente de 16 anos. Ela conta que ainda no período da gestação pesquisou muito sobre os temas autismo e esclerose tuberosa.
“Ainda na barriga apareceu uma indicação e fui pesquisar. Descobri que ele tinha esclerose tuberosa que, muitas vezes, acomete o autismo. Começamos a acompanhar ele desde bebê e nos primeiros sinais se confirmou o diagnóstico do autismo”, conta a atriz, que a partir desse momento se cercou profissionais para estudar o que acometia David.
“Mas nunca deixei de ver o indivíduo que estava ali na minha frente, um bebê, gostoso, lindo, muito risonho e carinhoso. No começo foi um choque, mas a vida continua. E eu conheço muita gente que tem filho autista, conheço muitos autistas que, inclusive, falam sobre isso, a sua questão da inclusão, da aceitação, de serem respeitados. Então, o que eu quero é que meu filho entenda que ele pode se adaptar ao mundo como ele é.”
Mãe, atriz e diretora, Bel Kutner fala que não é difícil conciliar a carreira com as tarefas da maternidade. No entanto, salienta que a divisão das tarefas com os pais deveria ser mais equilibrada. “Acho que a maioria das mães fazem sempre mais na criação dos filhos porque elas são mais requisitadas. Porém, quando se tem um pai parceiro, presente e que divide todas as atividades, sabendo que isso não é favor, ajuda, e sim obrigação paterna, as coisas ficam mais fácies. Mas isso é algo rara de se ver por aí…”, declara a atriz.
Em relação ao futuro, Bel Kutner conta que espera respeito e igualdade. “A sociedade é a organização das pessoas. As leis estão aí para serem atendidas – e se elas fossem respeitadas, isso já seria ótimo. Acho que as pessoas deveriam parar de projetar as suas sombras no que elas não consideram a perfeição. É a mania de achar que as coisas têm que ser, entre aspas, do jeito normal. Isso faz com que muita gente sinta-se excluída, o que é, no mínimo, desumano!”, finaliza.