O movimento atual visa valorizar as características únicas e personalidade de cada mulher.
É inegável que a percepção do que é bonito muda com o passar do tempo. Basta comparar os padrões de beleza e moda de décadas atrás com o que pode ser visto nas passarelas atualmente para comprovar essas mudanças.
Nesse sentido, especialistas em cirurgias plásticas estão observando uma revolução silenciosa — e poderosa — acontecendo no universo da beleza. Ao contrário das tendências do passado, que impunham padrões rígidos e resultados padronizados, a nova estética é plural, emocional e personalizada.
Diante desse novo cenário, com procedimentos individualizados e surgimento de novas demandas, os cirurgiões Carlos Manfrim, Paolo Rubez, Heloise Manfrim, Romero Almeida e Wellerson Mattioli apontam as intervenções mais buscadas e os objetivos de cada uma delas.
Naturalidade é o novo luxo
Você já ouviu falar em 'quiet luxury'? A tendência de priorizar uma elegância discreta e natural, no lugar de visuais extravagantes, veio crescendo nos últimos anos. Ela se manifesta na moda, através de peças aparentemente simples, na beleza com estilos como as 'naked nails' de Gisele Bundchen, e também entre os cuidados estéticos. A ideia de 'beleza indetectável' tem ganhado espaço entre mulheres que querem se sentir bem sem parecer que passaram por procedimentos.
“A busca agora é por harmonia, leveza e equilíbrio, e não por transformações evidentes. A tendência, já consolidada em Hollywood, começa a pautar os desejos no Brasil e, embora muitas pessoas associem isso apenas ao rosto, essa naturalidade também é buscada nas intervenções corporais”, explica o cirurgião plástico Dr. Carlos Manfrim, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
O desejo por intervenções faciais e corporais não está ligado à busca por 'perfeição', mas sim por autenticidade e bem-estar.
"Não só o lifting facial, mas outras cirurgias vêm evoluindo para resultados mais sutis. A blefaroplastia (remoção do excesso de pele nas pálpebras, de forma a rejuvenescer o olhar) é mais focada na preservação da estrutura natural dos olhos, removendo apenas o excesso necessário de pele e gordura. As técnicas cirúrgicas em rinoplastia também permitem refinamentos precisos sem comprometer a função nasal e com naturalidade. Os pacientes também buscam menos aquele padrão antigo de nariz fino e arrebitado e agora querem mudanças que sejam condizentes com sua personalidade”, detalha o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Pós-maternidade: o corpo como território de autocuidado
As transformações no corpo após a gestação ganharam protagonismo nas conversas sobre beleza e autoestima, o que deu início a um movimento conhecido como 'mommy makeover'. O intuito é apoiar mulheres na transição do puerpério para uma nova identidade corporal.
“Estrias, flacidez, diástase abdominal e alterações nas mamas, antes escondidas, agora são discutidas de forma aberta e sem tabus. E, cada vez mais, as mães buscam soluções não para ‘voltar a ser quem eram’, mas para se reconectar com a própria imagem em um novo momento de vida. A beleza pós-maternidade tem relação com a aceitação, mas também com a autonomia. É o direito de querer se sentir bem no próprio corpo, sem culpa”, aponta o cirurgião Dr. Carlos.
Maturidade em alta: o impacto das mulheres 40+
O comum para mulheres acima dos 40, 50 e até 60 anos costumava ser encontrar formas de recuperar a juventude. Porém, os cirurgião estão notando também uma maior preocupação em celebrar e valorizar o atual momento de vida em que se encontram, respeitando sua individualidade.
“Elas buscam resultados que reflitam sua vitalidade, e não uma juventude artificial; se posicionam e falam abertamente sobre o tema”, explica Dra. Heloise Manfrim, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a faixa etária entre 45 e 60 anos concentra mais de 20% das cirurgias corporais eletivas no país, e esse número tende a crescer.
“Essas mulheres sabem o que querem — e o que não querem. Pedem intervenções sutis, respeitosas, que mantenham sua identidade. Elas não querem esconder a idade, querem celebrá-la com dignidade. A beleza madura se afasta cada vez mais da ideia de ‘parecer jovem’”, reforça a Dra. Heloise.
'Geralmente, elas pedem por lipoescultura com definição leve, para marcar suavemente a cintura ou suavizar flancos; lifting de braços e coxas, para tratar a flacidez típica da perda de colágeno; abdominoplastia, em mulheres que tiveram filhos ou passaram por emagrecimento; e mastopexia com ou sem prótese, que corrige a ptose mamária (queda das mamas)”, completa o Dr. Carlos.
A estética da recuperação: beleza depois do emagrecimento
Com o crescimento das cirurgias bariátricas, uso de medicamentos para perda de peso e mudanças no estilo de vida, uma nova demanda estética surge: como se sentir bonita após perder muito peso? Algumas pessoas levam tempo para se acostumar com a nova imagem, além de que o excesso de pele e a flacidez são algumas consequências de diminuir muitos números na balança.
“A cirurgia plástica, nesse sentido, não cria uma nova identidade, mas restaura a conexão emocional do paciente com sua própria imagem. Trata-se de proporcionar uma aparência condizente com a transformação interna já conquistada: um rosto e um corpo que reflitam saúde, vitalidade e autoestima. Além disso, o planejamento cirúrgico respeita características individuais e visa resultados naturais, preservando a essência de cada paciente. O objetivo é oferecer não apenas uma melhora estética, mas uma vida com mais qualidade emocional, autoconfiança e plenitude”, diz o Dr. Wellerson Mattioli, cirurgião plástico, diretor da Clínica Moderna Sculpt, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Nesses casos, o Dr. Wellerson explica que entre os procedimentos faciais mais comuns, destacam-se o lifting facial, a blefaroplastia e a lipoenxertia.
"O lifting facial (ritidoplastia) reposiciona tecidos flácidos, reduz a aparência de ‘rosto derretido’ e redefine o contorno da mandíbula. Com as novas técnicas, a estratégia é promover naturalidade, sem resultados artificiais. Ele pode ser feito em associação à blefaroplastia e à lipoenxertia facial, que repõe o volume de gordura perdido no emagrecimento. Com a retirada e o tratamento da gordura do próprio corpo, a aplicação no rosto proporciona aspecto natural e jovial", complementa o Dr. Wellerson.
No caso das técnicas corporais, a abdominoplastia, o lifting de braços e coxas e a mamoplastia costumam ser técnicas úteis, segundo o cirurgião plástico Dr. Romero Almeida, diretor da Clínica Moderna Sculpt e membro titular da SBCP.
“Tudo vai depender da necessidade do paciente. A abdominoplastia remove excesso de pele e fortalece a parede abdominal, proporcionando abdômen mais firme. O lifting de braços e coxas (braquioplastia e cruroplastia) trata a flacidez intensa em regiões específicas. No caso da mamoplastia (com ou sem prótese), a ideia é reposicionar e devolver volume às mamas. É importante citar que essas intervenções podem ser realizadas em etapas, de acordo com a saúde geral do paciente e a indicação médica”, detalha o Dr. Romero.
O que considerar antes de fazer uma cirurgia plástica?
Conforme ressaltado ao longo da matéria, é importante que você busque aquilo que está alinhado aos seus desejos, e não somente porque está na moda. Afinal, os padrões estão sempre mudando. Procure informações precisas sobre o procedimento, exames pré-operatórios e cuidados após a cirurgia para que você tenha certeza.
Por fim, os médicos reforçam que é fundamental buscar ajuda de um cirurgião plástico especializado para a perfeita indicação do procedimento. A SBCP salienta que é essencial você se certificar que o profissional é membro da organização e possui o título de especialista em cirurgia plástica reconhecido pelo Conselho Regional de Medicina (CRM).
Essa certificação garante que o médico passou por uma formação rigorosa e está apto a realizar procedimentos com segurança. Você pode verificar essa informação no site oficial da SBCP, a partir disso o médico poderá passar as orientações necessárias e tirar suas dúvidas.
“O procedimento ideal para cada pessoa parte de uma avaliação individual, que considera, inclusive, se aquela queixa estética não é exagerada ou infundada. Ainda é um grande desafio mostrar para cada paciente que é necessário que ela acolha cada mudança do seu corpo e às vezes não vale a pena investir na aparência do corpo, mas sim na saúde do corpo e da mente. Não é um trabalho fácil, mas nós sempre precisamos estar ao lado dessas pessoas para orientar, acolher e acompanhar. E, claro, para os pacientes que realmente têm uma indicação, a cirurgia plástica e os procedimentos estéticos podem promover uma melhora expressiva do bem-estar”, finaliza a Dra. Heloise.